Este texto reúne e compara as principais tipologias navais usadas pelos navegadores portugueses nos séculos XV e XVI — nau, caravela (e suas variantes) e galeão — destacando características construtivas, tipos de vela, funções operacionais e utilizações em exploração, comércio e guerra.
A leitura permite entender por que cada embarcação foi escolhida para missões específicas, desde viagens oceânicas de carga até reconhecimento costeiro e escolta armada.
1. Diferença entre Nau, Caravela e Gales (ou “Galeões”)
Este texto apresenta, de forma clara e sucinta, as principais diferenças entre a nau, a caravela e os gales (ou “galeões”), três tipos de embarcações que marcaram a era das navegações.
Serão abordadas suas características construtivas, usos predominantes e funções na exploração, no comércio e na guerra marítima, permitindo compreender por que cada modelo foi escolhido para missões específicas.
1. Nau
- Embarcação maior e mais robusta.
- Projetada para longas viagens e transporte de carga.
- Casco mais largo e profundo, ideal para carga de mercadorias.
- Utilizava velas redondas e latinas.
- Ideal para navegação em alto-mar.
A nau portuguesa era um tipo de embarcação utilizada principalmente durante os séculos XV e XVI, época das Grandes Navegações.
Caracterizava-se por seu casco robusto e grande capacidade de carga, sendo ideal para longas viagens oceânicas. As naus eram dotadas de vela latina e, posteriormente, de velas redondas, permitindo melhor navegação em diferentes ventos.
Essas embarcações foram fundamentais para o comércio e a exploração marítima portuguesa, transportando mercadorias, pessoas e, em muitos casos, também escravizados.
2. Caravela
- Embarcação menor e mais ágil.
- Projetada para exploração e navegação costeira.
- Casco mais leve e estreito, facilitando manobras.
- Usava principalmente velas latinas (triangulares).
- Ideal para navegação em águas rasas e exploração de novas rotas.
3. Galeão (Gales, ou “Galeões”)
- Embarcação de grande porte, mistura de navio de carga e de guerra.
- Equipado principalmente com velas (geralmente quadradas) como fonte de propulsão.
- Também podia dispor de remos — usados para maior manobrabilidade, manobras em portos e movimentação em combate quando o vento era fraco ou desfavorável.
- Artilhado e apropriado para longas rotas e escolta de frotas.
Diferença entre Velas Redondas e Velas Latinas
Velas redondas e velas latinas são dois tipos distintos de velas usadas historicamente em embarcações, com formas e funções diferentes:
1. Velas redondas (ou quadradas)
- Forma: retangular ou quadrada.
- Posicionamento: montadas em vergas horizontais perpendiculares ao casco.
- Uso: comuns em naus e grandes embarcações transoceânicas.
- Vantagem: eficientes com vento de popa, boas para longas travessias e fáceis de reduzir em tempestades.
- Limitação: pouco eficientes para navegar contra o vento ou em ângulos fechados ao vento.
2. Velas latinas
- Forma: triangular (lateen).
- Posicionamento: fixadas em vergas diagonais.
- Uso: comuns em caravelas e embarcações mediterrâneas e costeiras.
- Vantagem: permitem navegar mais próximo do vento (melhor rumo upwind) e oferecem maior manobrabilidade.
- Limitação: menos potentes com vento de popa e exigem manobra mais cuidadosa em mastros grandes.
Em resumo: velas redondas são ótimas para velocidade com vento a favor e transporte em alto-mar; velas latinas favorecem manobra e navegação em ventos variáveis e águas costeiras.
2. Navios utilizados pelos navegadores portugueses nos Séculos XV e XVI
1. Barca
Embarcação de pequeno porte, utilizada nas primeiras viagens de exploração marítima. Terá sido a bordo de uma embarcação semelhante que Gil Eanes passou pela primeira vez o cabo Bojador, em 1434.

2. “Caravelão”
A caracterização deste tipo de navio não é muito fácil face à escassez de elementos sobre o mesmo.
As fontes existentes indiciam que se tratava de uma embarcação de apoio, com armação latina, bastante semelhante à caravela latina. Os textos apontam também para que o caravelão teria geralmente dimensões inferiores às da caravela.

3. Barca Pescareza
Pequena embarcação de pesca costeira e que serviu para as primeiras viagens de exploração marítima. Nas crónicas antigas, esta embarcação é também referida como “caravela pescareza”.

4. Caravela latina de 3 mastros
Resulta da evolução da caravela de 2 mastros, tendo surgido no final do século XV.

5. Caravela redonda do século XVI
As caravelas redondas, ou “caravelas da armada”, eram navios que acompanhavam geralmente as armadas. Tinham três ou quatro mastros, armando pano redondo no traquete e pano latino nos restantes.
O pano redondo permitia-lhes ter um desempenho semelhante aos restantes navios da armada, quando navegavam em rota corrida, aproveitando os ventos predominantes, enquanto o pano latino permitia manter as características das caravelas latinas, com possibilidade de navegar à bolina e, portanto, com maior capacidade de manobra.

6. Nau “São Gabriel”
A nau “São Gabriel” era um dos quatro navios da armada que, em 1497, iniciou a primeira viagem com destino à Índia, pelo Cabo da Boa Esperança, levando Vasco da Gama, como capitão-mor.

7. Galeão
O galeão é um navio de vela especialmente concebido para a guerra, que surge no início do século XVI. Destinava-se à proteção das naus de viagem, assim como ações militares de manuntenção ou imposição de soberania portuguesa, tanto no Atlântico como no Índico.

8. Nau Taforeia
A “Taforeia” é um navio destinado ao transporte de cavalos, sendo referida em diversa documentação d século XV que relata as ações de guerra no norte de África. No século XVI, as taforeias, de dimensões e características semelhantes às naus, são também utilizadas no Índico como navios de guerra.

Publicações Relacionadas
Expansion maritime du Portugal - Découverte des îles de l'Atlantique
Die maritime Expansion Portugals – Die Entdeckung des Seewegs nach Indien
Expansión marítima de Portugal - Infante Dom Henrique, el «Navegante»
Die maritime Expansion Portugals – Erste Seefahrtsoperationen
Expansión marítima de Portugal: exploración de la costa occidental de África
Expansion Maritime du Portugal - Premières Opérations Navales
Portugal's Maritime Expansion - First Naval Operations
Expansión marítima de Portugal: los portugueses en América del Norte
Expansão Marítima de Portugal - Infante Dom Henrique, o “Navegador”
Die maritime Expansion Portugals – Seefahrt vor den Entdeckungen
Portugal's Maritime Expansion - Fishing as the Origin
Portugal's Maritime Expansion - The discovery of the sea route to India
Portugal's Maritime Expansion - Prince Henry the Navigator
Expansión marítima de Portugal: la pesca como origen
Portugal's Maritime Expansion - Exploration of the West Coast of Africa
Die maritime Expansion Portugals – Die Fischerei als Ursprung
Expansão Marítima de Portugal - Exploração da costa ocidental da África
Die maritime Expansion Portugals – Infante Dom Henrique, der „Seefahrer“
Expansão Marítima de Portugal - Descobrimento das Ilhas do Atlântico
Expansão Marítima de Portugal - A navegação nos séculos XV e XVI
Expansion maritime du Portugal - Infante Dom Henrique, le Navigateur
Expansión marítima de Portugal: el descubrimiento de la ruta marítima hacia la India
Expansão Marítima de Portugal - Navegação antes dos Descobrimentos
Expansión marítima de Portugal: la navegación antes de los descubrimientos
Expansion maritime du Portugal - La pêche comme origine
Expansão Marítima de Portugal - O descobrimento do caminho marítimo para a Índia
Portugal's Maritime Expansion - Discovery of the Atlantic Islands
Die maritime Expansion Portugals – Entdeckung der Atlantikinseln
Expansión marítima de Portugal: descubrimiento de las islas del Atlántico
Die maritime Expansion Portugals – Die Portugiesen in Nordamerika
Expansion maritime du Portugal - La découverte de la route maritime vers l'Inde
Expansion maritime du Portugal - Les Portugais en Amérique du Nord
Expansion maritime du Portugal - Exploration de la côte occidentale de l'Afrique
Expansão Marítima de Portugal - Primeiras Operações Navais
Expansão Marítima de Portugal - Os Portugueses na América do Norte
Expansión marítima de Portugal: primeras operaciones navales
Este post também está disponível em:
Português
English
Deutsch
Español
Français



















