Os 7 ritmos e estilos musicais nordestinos que fazem sucesso no Brasil.
A região Nordeste do Brasil caracteriza-se por sua rica diversidade cultural, expressa de maneira singular em seus ritmos e estilos musicais.
Composta por nove estados com particularidades históricas, sociais e geográficas distintas, essa região desenvolveu, ao longo dos séculos, manifestações sonoras profundamente enraizadas nas tradições indígenas, africanas e europeias.
Este artigo apresenta sete dos principais ritmos e estilos musicais originários do Nordeste, que contribuíram — e ainda contribuem — para a formação da identidade musical brasileira.
Vídeo sobre 7 ritmos e estilos musicais nordestinos
História do Axé Music10:10
História do Baião03:56
História do Forro Dança e Ritmo05:10
História do Frevo02:16
Maracatu Nação Pernambuco02:39
Estilo e História do Samba de Roda06:07
História do Xaxado05:39
Os 7 Ritmos e Estilos Musicais Nordestinos
- Axé
- Baião
- Forró
- Frevo
- Maracatu
- Samba de Roda
- Xaxado
1. Axé
O axé é um gênero musical contemporâneo, surgido na década de 1980 em Salvador, Bahia, durante o Carnaval. Sua etimologia remonta à palavra iorubá àṣẹ, que significa “energia”, “força” ou “poder sagrado”.
O estilo caracteriza-se pela fusão de elementos do reggae, forró, maracatu, frevo e ritmos afro-baianos, como o ijexá.
Com forte presença de percussão e melodia contagiante, o axé consolidou-se como um dos grandes símbolos do carnaval baiano, alcançando projeção nacional e internacional por meio de artistas como Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Banda Eva.
2. Baião
O baião é um gênero tradicional desenvolvido no sertão nordestino, que ganhou notoriedade nacional a partir da década de 1940, graças à obra de Luiz Gonzaga, considerado o “Rei do Baião”.
O ritmo é estruturado com base em instrumentos como sanfona (acordeão), triângulo, zabumba, viola caipira e rabeca. Suas letras abordam o cotidiano sertanejo, com temas como a seca, a migração e o amor.
A música “Asa Branca”, composta por Gonzaga e Humberto Teixeira, tornou-se um marco do gênero. Posteriormente, o movimento da tropicália, nos anos 1970, reinterpretou o baião, ampliando sua popularidade entre os jovens urbanos.
3. Forró
O forró constitui um conjunto de gêneros musicais que inclui o baião, o xote e o arrasta-pé, sendo também uma forma de dança social.
Originário da zona rural nordestina, o forró tradicional — também conhecido como forró pé-de-serra — é executado por trios compostos por sanfona, zabumba e triângulo.
Com o tempo, surgiram variantes como o forró eletrônico e o forró universitário, que incorporam elementos da música pop e instrumentos modernos.
Embora fortemente associado às festividades juninas, o forró é praticado durante todo o ano, com forte expressão em cidades como Campina Grande (PB), Caruaru (PE) e Juazeiro do Norte (CE).
4. Frevo
O frevo é uma manifestação artística típica de Pernambuco, especialmente nas cidades de Recife e Olinda, e está fortemente associado ao carnaval de rua.
Desenvolvido a partir da fusão entre a marcha, o maxixe, o galope e a capoeira, o frevo é marcado por um ritmo acelerado e danças acrobáticas.
Musicalmente, destaca-se pelo uso de instrumentos de sopro (como trombone, trompete, saxofone, tuba) e percussão, executados por bandas-fanfarras.
Em 2012, o frevo foi reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
5. Maracatu
O maracatu é uma manifestação de origem afro-brasileira, associada aos rituais de coroação de reis do Congo e à devoção a Nossa Senhora do Rosário.
Existem duas formas principais: o Maracatu Nação (ou de Baque Virado), ligado aos terreiros de candomblé, e o Maracatu Rural (ou de Baque Solto), mais comum na zona da mata pernambucana.
O ritmo é caracterizado pelo uso de tambores grandes (alfaias), gonguês, caixas e agogôs.
O cortejo inclui personagens simbólicos como rei, rainha, dama do paço e porta-estandarte. O maracatu representa a resistência da cultura afrodescendente e constitui parte essencial do Carnaval pernambucano.
6. Samba de Roda
O samba de roda tem origem no Recôncavo Baiano e é considerado um dos precursores do samba urbano carioca.
Resultante da interação entre ritmos africanos e tradições lusitanas, especialmente a poesia e a dança, o samba de roda era praticado em celebrações informais, utilizando instrumentos como pandeiro, atabaque, reco-reco e berimbau.
A forma circular da dança, a improvisação e a presença feminina são características marcantes. Em 2005, o samba de roda foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
7. Xaxado
O xaxado é um ritmo musical e coreográfico originado no sertão de Pernambuco, associado ao cangaço, especialmente ao grupo de Lampião.
Originalmente, era praticado exclusivamente por homens, como forma de comemoração após conquistas ou combates.
O nome refere-se ao som das sandálias de couro arrastando-se no chão. Sua difusão nacional ocorreu graças a Luiz Gonzaga, que o incorporou ao repertório do baião. O xaxado mantém vivas as memórias da resistência sertaneja e da cultura popular do semiárido nordestino.
Considerações Finais
A música nordestina constitui um campo de riqueza cultural incomparável, que extrapola os limites da própria região e contribui de forma decisiva para a formação de uma identidade musical brasileira diversa e autêntica.
Cada um dos ritmos analisados neste trabalho representa, à sua maneira, um elo com a história, as lutas, as festas e a religiosidade do povo nordestino. Estudar tais manifestações é essencial para a valorização do patrimônio imaterial do Brasil.
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