Sertão de Pernambuco: Cultura e Tradições Locais

O Sertão de Pernambuco tem varios atrativos turisticos e culturais

O Sertão ocupa a maior parte do território de Pernambuco, ocupando 70% do estado.

Sertão de Pernambuco
Sertão de Pernambuco

Divisão do Sertão

O Sertão está dividido em seis microrregiões: Araripina, Salgueiro, Pajeú, Moxotó, Petrolina e Itaparica (veremos logo abaixo). No geral, sua economia é baseada na pecuária e no plantio de culturas de subsistência.

Mapa do Sertão Pernambucano
Mapa do Sertão Pernambucano

Desafios Climáticos

O Sertão é a região mais castigada pelas secas que atingem o semiárido nordestino, com precipitação média anual entre 500 e 700 milímetros.

Essa realidade de desafios climáticos moldou a vida e a cultura das comunidades locais, que desenvolveram uma rica diversidade cultural, incluindo tradições musicais, folclóricas e literárias.

Infraestrutura e Economia

Em Itaparica está localizada uma hidrelétrica da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), e em Petrolina fica o maior polo de produção de frutas do Estado, cultivadas com água irrigada do Rio São Francisco e destinadas à exportação.

Povoamento do Sertão

O povoamento do Sertão Pernambucano deu-se para o interior, através de fazendeiros baianos e pernambucanos, devido às necessidades da criação de gado bovino, que concorria com a cana-de-açúcar cultivada no litoral.

As condições climáticas não permitiam a expansão da cultura da cana para o interior, levando à migração para o Sertão.

Influência Cultural

A cultura nordestina é profundamente influenciada pelo Sertão, refletindo-se em manifestações artísticas como a música (forró, xote), danças, festas populares e culinária, que utiliza ingredientes locais.

A figura do vaqueiro, que simboliza o homem do Sertão, é um ícone da cultura nordestina, representando a bravura e a adaptação às adversidades.

Potencial da Região

A região do Sertão Pernambucano possui grande potencial histórico, cultural e natural.

Vídeos sobre o Sertão de Pernambuco

Triunfo em Pernambuco
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Atrações Turísticas do Sertão Pernambucano

  1. Serra Talhada
  2. Triunfo
  3. Petrolina

1. Serra Talhada

O nome da cidade vem da grande serra que se ergue ao norte e que termina abruptamente, em um corte seco – um talho.

SERRA TALHADA PE
Serra Talhada PE

O município de Serra Talhada, situado a 430 quilômetros de Recife pela BR-232, cultiva com orgulho as referências a Virgulino Ferreira da Silva, o mítico Lampião, que lá nasceu em 1898.

Não por acaso, sua maior atração é o sítio em que veio ao mundo o cangaceiro. Serra Talhada também é conhecida como a capital do xaxado, dança que Virgulino ajudou a difundir (embora não a tenha inventado).

Nos fins de semana, pode-se assistir aos ensaios dos vários grupos que tocam e dançam o ritmo na cidade.

1.1. Sítio Passagem das Pedras (Casa de Lampião)

No sítio Passagem das Pedras, onde nasceu Lampião, a 45 quilômetros da cidade, foi transformado em um museu em 2001 e reúne fotos, armas e objetos que pertenceram ao “Rei do Cangaço”.

Sítio Passagem das Pedras (Casa de Lampião)
Sítio Passagem das Pedras (Casa de Lampião)

A chegada ao sítio Passagem das Pedras, onde nasceu Lampião, é aventurosa, por estrada mal sinalizada, repleta de morros e pedras, com a presença de bodes, vacas e gaviões. Para que o percurso não seja em vão, é conveniente confirmar, por telefone, se o local estará aberto.

Melhor ainda é solicitar o acompanhamento de um membro da associação que mantém o museu – uma organização informal, criada por Anildomá Willians de Souza, estudioso da vida de Virgulino.

Em fevereiro de 2007, foi aberta uma espécie de filial do Museu do Cangaço no centro (rua Cel. Cornélio Soares, 254).

Acesso pela fazenda São Miguel, estrada Virgulino Ferreira da Silva, 45 quilômetros do centro (6 em estrada de terra).

Xaxado

Ao som do triângulo, da zabumba, da sanfona e do pandeiro, a dança preferida de Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião, pode ser apreciada em Serra Talhada em apresentações durante as festas juninas, religiosas ou nos ensaios de grupos de xaxado, aos sábados à tarde, com cerca de uma hora de duração.

Xaxado
Xaxado

Os grupos Cabras de Lampião e Maria Bonita ensaiam na Escola Estadual Methódio de Godoy Lima (rua Manuel Antonio de Souza, 735, São Cristovão).

O mais antigo da cidade, Manuel Martins, pode ser visto na Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada (av. Afonso Magalhães, 380, Centro) e o Cangaceiros de Vila Bela, no Colégio Antônio Timóteo (rua Antônio Timóteo, s/n, Bom Jesus).

Informações sobre grupos e ensaios são obtidas na Fundação Casa de Cultura de Serra Talhada (praça Sérgio Magalhães, 868, Centro).

1.2. Museu do Cangaço

A história do cangaço é contada no Museu do Cangaço em Serra Talhada.

O museu conta com mais de uma centena de fotografias, objetos e documentos que têm referência aos guerrilheiros do sertão. Mantido pela Fundação Cultural Cabras de Lampião, o Museu fica na Estação do Forró.

Museu do Cangaço em Serra Talhada
Museu do Cangaço em Serra Talhada

Inaugurado em 1957, o antigo galpão da estação ferroviária de Serra Talhada, em Pernambuco, foi restaurado e transformado no Museu do Cangaço. O espaço abriga um acervo com diversas fotografias e uma série de objetos que remetem à época do cangaço, inclusive um baú que pertenceu a Lampião, o cangaceiro que ficou mais conhecido.

Origem do Termo “Cangaço”

A origem do termo “cangaço” é geralmente associada ao conceito de “canga”, que se refere a uma peça de madeira ou metal utilizada para unir dois animais, como bois, a um carro ou a um arado. Essa canga simboliza a força e a resistência, características que se relacionam com a vida dos cangaceiros, conhecidos por sua bravura e luta em condições adversas.

O cangaço se desenvolveu no sertão nordestino do Brasil, principalmente entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX. Era um fenômeno social e cultural que envolvia grupos armados organizados para resistir à opressão de poderosos, como fazendeiros e autoridades locais, além de lutar contra a pobreza e a exclusão social.

Os cangaceiros, muitas vezes liderados por figuras icônicas como Lampião, tornaram-se símbolos de resistência e contestação às injustiças sociais da época.

O termo “cangaço” passou a designar tanto os grupos de bandoleiros que atuavam nas regiões áridas do Nordeste quanto o próprio estilo de vida e a cultura que emergiram desse movimento. Assim, o cangaço não é apenas um aspecto da história do Brasil, mas também um elemento cultural que envolve música, dança, vestimenta e tradições populares que ainda são celebradas e lembradas na região.

2. Triunfo

Triunfo, em Pernambuco, teve poucos anos de exuberância econômica – vividos sobretudo durante a década de 1920 – mas foram suficientes para que a cidade ganhasse o título de “Princesa do Sertão”.

Atrações turísticas de Triunfo PE
Atrações Turísticas de Triunfo PE

A elite de Triunfo, a 450 quilômetros de Recife, declinou junto com as lavouras de cana-de-açúcar e café, mas deixou sua marca: perto da igreja matriz Nossa Senhora das Dores, de linhas neogóticas, e ao redor do bonito açude Borborema, no centro, as residências de fachadas antigas e bem cuidadas constituem um atrativo; o Teatro Guarany resume os tempos de glória; o Museu do Cangaço reúne expressivo acervo da época em que o Nordeste foi dominado por bandoleiros.

Igreja matriz Nossa Senhora das Dores em Triunfo PE
Igreja matriz Nossa Senhora das Dores em Triunfo PE
Açude Borborema em Triunfo PE
Açude Borborema em Triunfo PE
Teatro Guarany em Triunfo PE
Teatro Guarany em Triunfo PE
Museu do Cangaço em Triunfo PE
Museu do Cangaço em Triunfo PE

Nos domínios de Triunfo ficam o ponto mais alto de Pernambuco – o pico do Papagaio – e, num cantinho que leva à cachoeira do Pinga, engenhos como o São Pedro, que produz rapadura o ano inteiro.

Outra iguaria típica da cidade são os biscoitos São Nicolau, feitos de mel, canela e cravo. A receita foi trazida por freiras alemãs em 1939.

Os de irmã Isabel são vendidos na comunidade Stella Maris, sob encomenda (sítio Horta, 5, Centro).

Para chegar a Triunfo a partir de Recife, toma-se a BR-232 até Serra Talhada e, de lá, a PE-365 por 31 quilômetros.

2.1. Engenhos de Rapadura

Capital da rapadura do sertão pernambucano, Triunfo mantém ativos mais de sessenta engenhos rústicos e seculares, produzindo, entre os meses de julho e dezembro, o tijolo de açúcar mais cavo que não falta na mesa nordestina.

O engenho São Pedro, o mais organizado deles, produz o ano todo cachaça orgânica e licores (sítio Bela Vista, zona rural, a 500 m do centro).

No caminho dos engenhos, fica também a cachoeira do Pinga. Para conhecê-la, é necessário contratar um guia local, pois o acesso não é sinalizado. A cachoeira compõe-se de três quedas – uma larga, com poço para banho, e outra mais alta, de cerca de 50 metros de altura.

A terceira, em época de seca, apenas goteja – vem daí o nome do lugar, utilizado pelos moradores para a prática de rapel.

2.2. Museu do Cangaço

Fundado em 1971, o Museu do Cangaço em Triunfo conta em seu acervo com armas, roupas, fotografias e objetos dos cangaceiros – do punhal de Corisco a uma bandeja de 1916 que pertenceu a Lampião e uma antiga sanfona.

Museu do Cangaço em Triunfo PE
Museu do Cangaço em Triunfo PE

No mesmo prédio funcionam também o Museu da Cidade, com peças utilitárias recolhidas em residências de Triunfo, e o de Arte Sacra, no qual se destaca a roda dos enjeitados, onde bebês não desejados eram depositados por suas mães para que fossem criados nos conventos ou monastérios. Praça Monsenhor Eliseu, s/n.

2.3. Teatro Guarany

A ideia de construir um grande teatro em Triunfo partiu dos irmãos comerciantes Manuel e Carolino Siqueira Campos.

Inaugurado em 1922, o Guarany viveu um curto período de glória. Ainda na década de 1920, entrou em decadência devido ao declínio político e econômico de Triunfo.

Teatro Guarany em Triunfo PE
Teatro Guarany em Triunfo PE

Funcionou então como bar e sofreu muitas modificações no seu interior. Hoje, retomou sua função original e abre para espetáculos em datas especiais, quando pode receber uma plateia de até 180 pessoas; porém, a visitação às instalações é permitida o ano todo. Praça Carolino Campos, s/n, Centro.

2.4. Pico do Papagaio

Pico do Papagaio em Triunfo PE
Pico do Papagaio em Triunfo PE

O pico é o ponto culminante de Pernambuco, com 1.260 metros de altitude. Para atingir o topo, é preciso percorrer de carro por cerca de uma hora 9 quilômetros em uma estrada bastante acidentada e cheia de pedregulhos, mas no final o viajante é recompensado com uma bela vista da região.

2.5. Chico Santeiro

Francisco Pinheiro, o Chico Santeiro, rodou muito pelo sertão antes de se fixar em Triunfo.

Chico Santeiro
Chico Santeiro

Hoje é conhecido como o maior artista da cidade – fama justa, porque seus santos de madeira são de fato notáveis: feições expressivas, roupas luxuosas, posturas curvadas, estilo marcante e acabamento primoroso. Av. Getúlio Vargas, 206, Centro.

3. Petrolina

Uma ponte une a pernambucana Petrolina, na margem direita do rio São Francisco, a Juazeiro, que pertence à Bahia; há balsas que fazem o percurso entre uma e outra, cruzando o rio.

Petrolina e Juazeiro
Petrolina e Juazeiro

Apesar dessa proximidade, Petrolina tem identidade própria, calcada na ideia de encontro e de mistura – uma imagem que parece inscrita já no próprio nome do município, soma de Pedro (Dom Pedro I) e Leopoldina (Maria Leopoldina de Habsburgo, imperatriz do Brasil).

Desafiando a seca, a cidade, plantada em pleno sertão, a 767 quilômetros de Recife, tornou-se a maior exportadora de frutas do país e vem aprimorando sua produção de vinhos, inclusive o do Porto. Entre as atrações, vale mencionar o Espaço Cultural Ana das Carrancas, com suas expressivas figuras, e o Museu do Sertão.

Chega-se a Petrolina a partir de Recife pela BR-232; o trajeto, contudo, não oferece segurança – a estrada corta uma área conhecida pelas ocorrências frequentes de assaltos, sobretudo no trecho próximo ao município de Salgueiro. O acesso por Juazeiro é mais recomendável.

O aeroporto de Petrolina recebe voos regulares da capital pernambucana e de São Paulo.

3.1. Espaço Cultural Ana das Carrancas

Com mais de oitenta anos, Ana das Carrancas já foi homenageada por bandas de rock (os Carrancudos) e grupos de maracatu (Matingueiros); ganhou uma biografia (Ana das Carrancas, a dama do barro, escrita pelo jornalista pernambucano Emanuel de Andrade) e costuma exportar suas peças para a Europa.

Espaço Cultural Ana das Carrancas em Petrolina PE
Espaço Cultural Ana das Carrancas em Petrolina PE

Uma das poucas mulheres que se dedicam à construção de carrancas, Ana Leopoldina dos Santos, a Ana das Carrancas, produz trabalhos em que a originalidade decorre não só do uso do material – o barro em vez da madeira – , mas também de um detalhe: todas as suas figuras têm os olhos vazados.

A inspiração veio de uma promessa: se as carrancas a ajudassem a tirar seu marido, que era cego e pedia esmolas nas ruas, ela faria todas as peças daquele modo. Além de vender os trabalhos de dona Ana, o espaço organiza oficinas e cursos para a comunidade. BR-407, 500, Cohab Massangano.

3.2. Catedral de Petrolina

A Catedral de Petrolina foi construída pelo primeiro Bispo da Diocese, Dom Antonio Malan. A pedra fundamental foi benta e colocada no local do antigo cemitério paroquial em fevereiro de 1925 e a inauguração deu-se em agosto de 1929.

Catedral de Petrolina em Petrolina PE
Catedral de Petrolina em Petrolina PE

Trata-se de um templo imponente e majestoso, em estilo gótico, que caracteriza e dá destaque à cidade e à região de Petrolina.

Em sua construção foram usadas pedras retiradas das margens do São Francisco e vitrais vindos da região francesa de Grenoble. O mecanismo do relógio foi doado pelo padre Cícero. Praça D. Malan, s/n, Centro.

3.3. Museu do Sertão

A diversidade do acervo é a marca deste museu, que busca sintetizar a rica cultura e a história do sertão.

Museu do Sertão em Petrolina PE
Museu do Sertão em Petrolina PE

Há desde fotos e objetos que pertenceram a Lampião até fósseis de peixes pré-históricos (prova de que a região foi, um dia, marinha), passando por plantas medicinais e pela réplica de uma casa sertaneja típica do século XVIII.

Inaugurado em 1973, o museu passou por reformas e foi reaberto em 1996. Rua Esmelinda Brandão, s/n, Centro.

3.4. Bodódromo

Apesar do nome, nenhum dos oito estabelecimentos do Bodódromo serve carne de bode, e sim de carneiro.

Bodódromo em Petrolina PE
Bodódromo em Petrolina PE

Isso se deve a dois motivos: o carneiro se reproduz duas vezes por ano e tem até quatro filhotes – o bode, apenas um no mesmo período – e sua carne é mais macia e tem cheiro mais suave que a do animal que inspirou o lugar. Av. São Francisco, s/n, Areia Branca.

3.5. Vinhos de Petrolina e Região

A combinação de sol forte, tipo de solo e água do rio proporciona duas safras anuais de uva no vale do São Francisco, feito raro no mundo.

Vinhos de Petrolina e Região
Vinhos de Petrolina e Região

Essa região, localizada no paralelo 8, abrange Petrolina e também Juazeiro, na Bahia, e vem se tornando grande produtora de vinhos – alguns deles classificados entre os melhores do país.

Ao contrário dos vinhos do Sul, em geral envelhecidos em tonéis de carvalho, os nordestinos são jovens, acondicionados em barris de alumínio durante o processo de produção.

Guia Turístico do Sertão de Pernambuco e Nordeste

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