Na música nordestina, destacam-se ritmos tais como coco, xaxado, martelo agalopado, samba de roda, baião, xote, forró, Axé e frevo, dentre outros ritmos.
O Movimento Armorial do Recife, inspirado por Ariano Suassuna, realizou um trabalho erudito de valorização desta herança rítmica popular nordestina (um de seus expoentes mais conhecidos é o cantor Antônio Nóbrega).

Vários artistas deram continuidade ao legado de Luiz Gonzaga, como é o caso de Dominguinhos, Sivuca, Jackson do Pandeiro e Waldonys.
Na literatura, pode-se citar a literatura popular de cordel, que remonta ao período colonial (a literatura de cordel veio com os portugueses e tem origem na Idade Média europeia) e numerosas manifestações artísticas de cunho popular que se expressam oralmente, tais como os cantadores de repentes e de embolada.
Na música erudita, destacaram-se como compositores Alberto Nepomuceno e Paurillo Barroso, assim como o cearense Liduíno Pitombeira na atualidade, e Eleazar de Carvalho como maestro.
Ritmos e melodias da música nordestina também inspiraram compositores como Heitor Villa-Lobos (cuja Bachiana Brasileira nº 5, por exemplo, em sua segunda parte – Dança do Martelo – alude ao sertão do Cariri).
Danças e Ritmos Musicais do Nordeste
Dança do Coco de Roda02:39
Dança do Coco02:06
Ritmos de danças nordestinas06:53
História do Xaxado05:39
Diferença entre Baião e Xote09:31
Gêneros e Ritmos da Música Nordestina
Diversos gêneros musicais surgiram no Nordeste brasileiro ao longo dos anos, formando uma das expressões culturais mais ricas do país.
- Xote, Xaxado e Côco – o Forró
- Frevo
- Tropicalismo / Tropicália
- Axé Music
- Bossa Nova
- Punk / Hardcore
- Mangue beat
- Repente
- Brega
1. Xote, Xaxado e Côco – o Forró
O pernambucano Luiz Gonzaga foi o precursor do baião, ritmo que, ao lado de outros como xote, xaxado e côco, compõe o estilo popularmente conhecido como forró.
Vários artistas deram continuidade ao legado de Luiz Gonzaga, como Dominguinhos, Sivuca, Jackson do Pandeiro e Waldonys.
2. Frevo
O frevo, mais comum nos estados de Pernambuco e Paraíba, se caracteriza pelo ritmo acelerado e pelos passos coreografados, que lembram a capoeira.
Esse gênero revelou grandes nomes da música nordestina como Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo. Esses três, ao lado de Zé Ramalho, misturaram frevo, forró, rock, blues e outros ritmos. O quarteto costuma se apresentar sob o nome de O Grande Encontro.
3. Tropicalismo / Tropicália
Na década de 1960, surgiu na Bahia o movimento Tropicalismo, ou Tropicália, inspirado no movimento antropofágico modernista, tornando-se um marco cultural no Brasil.
Faziam parte do movimento artistas como Tom Zé, Caetano Veloso e Gilberto Gil, entre outros.
Entre 1965 e 1968, desenvolveu-se uma intensa atividade artística com dimensões culturais e políticas inéditas no país. Surgiram projetos de vanguarda, frequentemente ligados a interesses sociais e políticos, em diversas áreas da produção artística.
Duas vertentes principais se delinearam:
- Uma arte de protesto, ligada à conscientização e mobilização contra o regime militar;
- Uma arte de vanguarda, focada na renovação estética, nas novas linguagens e na crítica à modernização cultural imposta.
Nesse contexto, surgiu a música de protesto e denúncia, geralmente expressando a esperança utópica por um futuro melhor. A canção popular tornou-se o principal meio de expressão política, por sua ampla penetração social, especialmente após a explosão dos festivais de música.
O Tropicalismo uniu esses diversos fatores — artísticos, culturais e políticos — e os canalizou por meio da música, teatro, cinema, artes plásticas e literatura.
3.1. O auge: 1967 e 1968
Entre 1967 e 1968, houve uma explosão criativa que radicalizou a cena artística brasileira. Nesse período, aconteceram marcos como:
- As músicas “Alegria, alegria”, de Caetano Veloso, e “Domingo no Parque”, de Gilberto Gil, no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record;
- O filme “Terra em Transe”, de Glauber Rocha;
- A montagem da peça “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade, pelo Teatro Oficina;
- A obra ambiental “Tropicália”, de Hélio Oiticica, na exposição Nova Objetividade Brasileira;
- O lançamento do livro “PanAmérica”, de José Agrippino de Paula.
Apesar das diferenças entre essas manifestações, havia uma proposta comum de ruptura, inovação estética e redefinição das estratégias culturais e políticas.
3.2. Inovações musicais e comportamentais
O Tropicalismo fundiu experimentação artística com crítica social, promovendo uma integração de linguagens: música contemporânea, pop, rock, com elementos da cultura brasileira popular.
Entre as inovações destacam-se:
- Procedimentos de vanguarda (teatrais, cinematográficos, poéticos);
- Uso de instrumentos eletrônicos e novas formas de vocalização;
- Arranjos sofisticados e letras alegóricas;
- Encenamentos com forte impacto visual e paródia cultural.
Os álbuns “Caetano Veloso”, “Gilberto Gil” e o coletivo “Tropicália: Panis et Circencis” (1968) foram expressões máximas desse movimento.
3.3. A canção como espetáculo e crítica
O Tropicalismo foi uma transgressão, não apenas musical, mas também comportamental. Os artistas incorporaram à canção elementos visuais e performáticos: roupas chamativas, cabelos desgrenhados, gestos provocativos — desafiando os padrões da época.
A canção tropicalista não tratava apenas do corpo como tema, mas o incorporava como parte da estrutura artística. Isso dialogava com outras expressões culturais da época, como o teatro de vanguarda e a arte performática.
3.4. Recepção e legado
A recepção do Tropicalismo foi controversa: de um lado, foi saudado por quem valorizava a inovação e a ruptura com os clichês; de outro, rejeitado por quem o via como uma desvirtuação da música brasileira autêntica.
O movimento desafiou o conceito de “música brasileira”, exigindo uma nova escuta e uma ampliação dos critérios estéticos da canção popular.
A sua complexidade reside justamente na sua capacidade de intervir nos modos de criação musical, ampliando a função crítica e expressiva da música no Brasil.
4. Axé Music
A Bahia voltaria a ser berço de outro gênero musical na década de 1980, com a criação da axé music, tendo como precursores artistas como Luiz Caldas, Chiclete com Banana, Daniela Mercury, Timbalada e Olodum.
O gênero revolucionou o Carnaval baiano, já que até então o frevo, um ritmo pernambucano, era amplamente utilizado nas festas de Salvador.
Atualmente, a indústria da música baiana é a que mais gera estrelas no Brasil, contando com uma verdadeira “constelação” de artistas com notoriedade nacional e internacional. Entre eles, destaca-se Ivete Sangalo, considerada a cantora mais popular do Brasil na atualidade e líder de vendas na indústria fonográfica nacional. Ivete possui uma capacidade singular de arrastar multidões por onde passa, inclusive em territórios internacionais.
Um exemplo disso foi sua apresentação no Rock in Rio Lisboa, em 2004, onde a cantora bateu recorde de público.
Ivete é fundadora da Caco de Telha, uma empresa de entretenimento que detém o título de maior do setor no Norte-Nordeste e está entre as cinco maiores no cenário nacional.
A Caco de Telha já trouxe grandes eventos ao Brasil, como:
- A turnê “I Am…” da cantora pop Beyoncé;
- A turnê “The E.N.D.” do grupo Black Eyed Peas;
- O espetáculo do The Grand Moscow Classical Ballet;
- E apresentações do Cirque du Soleil em diversas cidades brasileiras.
Além de eventos internacionais, a empresa também promoveu grandes shows nacionais, como a turnê “Roberto Carlos – 50 anos de música”.
Por meio da Caco de Telha, Ivete Sangalo foi a estrela de uma megaprodução no Madison Square Garden, o icônico templo da música internacional moderna.
5. Bossa Nova
Na Bahia nasceu João Gilberto, considerado o principal criador da Bossa Nova, entre outros precursores como Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Luiz Bonfá. A Bossa Nova é o ritmo brasileiro mais conhecido no mundo.
Trata-se de um movimento artístico-cultural criado com o intuito de modernizar a música brasileira. Tom Jobim é um dos principais nomes associados ao gênero.
João Gilberto é reconhecido como o principal responsável pela criação do estilo.
O Brasil vivia um momento de ascensão no período pós-Segunda Guerra Mundial.
Esse período ficou conhecido como os “Anos Dourados”, marcados pelo rápido crescimento econômico e cultural.
Dentro desse cenário otimista, um grupo de jovens decidiu inovar a cultura brasileira, criando o movimento conhecido como Bossa Nova.
O objetivo do movimento era incorporar elementos e características da música brasileira de forma moderna. Acredita-se que a Bossa Nova tenha surgido oficialmente em 1958, com o lançamento do LP Chega de Saudade, de João Gilberto.
Em seguida, outros artistas como Tom Jobim e Vinícius de Moraes se juntaram em diversas composições — entre elas, uma das músicas brasileiras mais famosas: “Garota de Ipanema”.
O movimento ganhou reconhecimento mundial em 1962, quando um grupo de artistas se apresentou em Nova York, em um concerto realizado no Carnegie Hall.
Entre os músicos que participaram do evento estavam Tom Jobim, João Gilberto, Oscar Castro Neves, Agostinho dos Santos, Luiz Bonfá, Carlos Lyra, entre outros.
5.1. História da Bossa Nova
O movimento surgiu em meio ao crescimento econômico do país. Juscelino Kubitschek (1902–1976) era o presidente na época, promovendo ações políticas como o “cinquenta anos em cinco”.
Seu governo buscava implementar o Plano de Metas e adotar uma política desenvolvimentista.
Com a economia em ritmo acelerado, jovens da classe média carioca viram uma oportunidade de criar algo novo. Inspirados por experimentações e influências do jazz americano, João Gilberto lançou o primeiro disco, dando início ao movimento da Bossa Nova.
O estilo se consolidou no país e teve duração de mais de uma década, encerrando-se por volta de 1966, com o surgimento da MPB (Música Popular Brasileira).
Vale destacar que o fim do movimento não representou o desaparecimento de suas influências. Até hoje, músicos utilizam elementos da Bossa Nova em suas composições.
5.2. Características do estilo musical
Como proposta de modernizar a música brasileira, a Bossa Nova desenvolveu características próprias que refletiam um Brasil moderno. Entre as principais, podemos destacar:
- tom coloquial na voz
- temas cotidianos
- voz baixa, quase sussurrada
- harmonias do samba
- melodias inspiradas no jazz
As músicas eram compostas com base nas manifestações urbanas, no movimento das ruas e no cotidiano das grandes cidades. Foi nesse contexto que surgiram obras mundialmente conhecidas, como “Garota de Ipanema”, composta em 1962 por Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim.
Após o Golpe de 1964, as composições passaram a incluir críticas e protestos contra a ditadura.
Assuntos sociais tornaram-se comuns nas letras dos artistas. Assim, teve início o que ficou conhecido como a moderna MPB.
Em resumo, o fim do movimento em 1966 não significou o desaparecimento do estilo. Suas marcas seguem presentes em diversas composições até hoje.
5.3. Principais músicos
João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes foram os artistas mais emblemáticos da Bossa Nova. No entanto, outros músicos também contribuíram significativamente para o movimento:
- Dorival Caymmi
- Edu Lobo
- Francis Hime
- Marcos Valle
- Paulo Sérgio Valle
- Carlos Lyra
- Ronaldo Bôscoli
- Nara Leão
- Bebel Gilberto
- Baden Powell
- Nelson Motta
- Wilson Simonal
5.4. Principais músicas do movimento
Diversas canções marcaram a história da Bossa Nova e ganharam reconhecimento internacional. Entre as principais, podemos citar:
- Garota de Ipanema: Composta por Vinícius de Moraes e Tom Jobim, é uma das músicas brasileiras mais conhecidas no mundo. Foi uma homenagem à apresentadora Helô Pinheiro.
- Samba do Avião: Composta por Tom Jobim em 1962, retrata a paisagem urbana do Rio de Janeiro, vista de um avião.
- Desafinado: Letra de Newton Mendonça e música de Tom Jobim. Interpretada por João Gilberto, reflete as características da Bossa Nova.
- Insensatez: Composta em 1961 por Vinícius de Moraes e Tom Jobim, a música tem tom melancólico e foi gravada em inglês como How Insensitive, por nomes como Ella Fitzgerald, Frank Sinatra e Iggy Pop.
- Wave: Canção de Tom Jobim, com arranjos de Claus Ogerman. Fala sobre amor e paisagens praianas.
- Pela Luz dos Olhos Teus: Composição de Vinícius de Moraes com música de Tom Jobim. Tornou-se famosa na interpretação de Miúcha e Tom Jobim. A canção se destaca por não ter refrão.
- Ela é Carioca: Homenagem à mulher carioca, composta por Tom Jobim e Vinícius de Moraes. A letra enaltece aspectos da cidade do Rio de Janeiro e a personalidade das cariocas.
- Chega de Saudade: Composta em 1956 por Vinícius de Moraes e Tom Jobim, a canção fala sobre sofrimento amoroso. Foi a faixa-título do primeiro LP de João Gilberto.
- Águas de Março: Criada por Tom Jobim em 1972 e eternizada em 1974 na voz de Tom e Elis Regina. Tornou-se um clássico da música brasileira.
- 1Samba de Uma Nota Só: Composição de Tom Jobim (música) e Newton Mendonça (letra), ganhou versão em inglês como One Note Samba. A canção é metalinguística e possui letra extensa.
5.5. Você sabia?
- A música Garota de Ipanema entrou para a lista das 50 grandes obras musicais da humanidade, título conferido pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em 2005;
- O Dia Nacional da Bossa Nova é comemorado em 25 de janeiro, aniversário de Tom Jobim;
- Tom Jobim foi considerado pela revista Rolling Stone um dos maiores nomes da música brasileira.
6. Punk / Hardcore
Nos anos 80, surgiu em Pernambuco a primeira grande referência da música Punk/Hardcore na região. O principal nome desse movimento é a banda Câmbio Negro HC, considerada pioneira no estilo e responsável pela produção dos primeiros discos do gênero na região. Além disso, tornou-se uma das maiores referências da música underground do país.
7. Manguebeat
Já nos anos 90, surgia em Pernambuco o Manguebeat, ritmo que reúne rock, hip hop, maracatu e música eletrônica. Chico Science e Nação Zumbi são os principais nomes do gênero.
8. Repente
O repente é bastante difundido no interior, tendo como destaque o cearense Cego Aderaldo. A Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, banda de pífaros do Ceará, possui fama internacional. No Ceará, destacam-se ainda Fagner, Belchior e Ednardo, ícones da MPB.
9. Brega
Foi também no Nordeste que nasceu o brega, que tem como principais representantes o pernambucano Reginaldo Rossi e o baiano Waldick Soriano.
No Maranhão, a música nordestina possui grande diversidade de ritmos, como: Tambor de Crioula, Tambor de Mina, Tambor de Taboca, Tambor de Caroço, os quatro sotaques do bumba-meu-boi, além de ser um dos principais redutos brasileiros do reggae.
Tribo de Jah, uma das principais bandas do gênero, surgiu no Estado. Outros maranhenses de destaque são: João do Vale, Cláudio Fontana, Rita Ribeiro, Catulo da Paixão Cearense, Lairton dos Teclados, Zeca Baleiro (MPB) e Alcione (samba).
Raul Seixas, nascido na Bahia, é considerado o principal nome do rock brasileiro. Integrou o movimento da Jovem Guarda como compositor.
Atualmente, a também baiana Pitty faz muito sucesso no rock. Além dos grupos Cordel do Fogo Encantado e Pedro Luís e a Parede, que marcam significativamente a música popular brasileira contemporânea.
Os 7 ritmos e estilos musicais nordestinos que fazem sucesso no Brasil.
Gêneros, Ritmos, Cantores e Compositores da Música Nordestina
Publicações Relacionadas
Os 7 ritmos e estilos musicais nordestinos que encantam no Brasil
Graciliano Ramos: A Vida e Obra do Escritor Brasileiro
Roteiros voltados para turismo religioso em Salvador
Parque Nacional do Monte Pascoal: Cultura Pataxó e História do Brasil
Franciscanos no Brasil: Patrimônio Urbano, Arquitetônico e Artístico
Destinos turísticos no Nordeste que Você Deve Visitar
Origem da Umbanda: Conheça a História dessa Religião Brasileira
Monte Santo na Bahia: História e Turismo Religioso
Cores das casas e prédios na arquitetura colonial do nordeste
Xilogravura e Literatura de Cordel: A Arte e Tradição Popular do Nordeste
Biografia de Victor Meirelles e a Análise da Obra "A Primeira Missa no Brasil"
Influências e principais pratos da culinária nordestina
Turbante é Religião, Moda e Cultura
História das Religiões Afro-brasileiras: Candomblé e Umbanda
História, Biografia e as Pinturas de Frans Post no Brasil Holandês
Rei Momo, Pierrô, Arlequim e Colombina - Personagens do Carnaval
Iemanjá: Conheça a Orixá e a Tradicional Festa em Salvador
Momentos Históricos do Brasil Ilustrados em Grandes Obras
Este post também está disponível em:
Português
English
Deutsch
Español
Français