Forró sua história, origem e a evolução no nordeste

O forró tem origem nos bailes populares que eram realizados no final do século XIX e eram chamados de “forrobodó,” “forrobodança” ou “forrobodão.”

Naquele tempo, era preciso molar o piso do local onde essas festas aconteciam, pois eles eram feitos de “chão batido,” ou seja, não havia revestimento, apenas terra.

Forró tradicional com sanfona, o triângulo e a zabumba.
Forró tradicional com sanfona, o triângulo e a zabumba.

As pessoas costumavam dançar arrastando os pés a fim de evitar que a poeira levantasse, daí o termo rastapé ou arrasta-pé.

Além disso, foram encontradas semelhanças entre esse estilo de dança e o toré, uma celebração indígena na qual, em determinado momento ritualístico, os indivíduos arrastam os pés no chão.

O forró também apresenta certa influência de ritmos holandeses e portugueses, além das danças de salão europeias.

Referências Históricas

O forró é profundamente enraizado nas tradições culturais do Nordeste brasileiro.

Durante o período da colonização, as festas e danças populares serviam como um meio de resistência cultural e expressão da identidade nordestina.

A música nordestina começou a ganhar destaque quando a indústria cultural se consolidou no Brasil, especialmente nas décadas de 1940 e 1950, com a popularização de artistas como Luiz Gonzaga, que é considerado o “Rei do Baião” e um dos principais divulgadores do forró.

Vídeos sobre “História, origem e a evolução do forró”

História do Forro
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Origem do Nome Forró

O nome “forró” tem algumas hipóteses sobre sua origem:

1. Historiador e Folclorista Câmara Cascudo

O historiador e folclorista Câmara Cascudo sugere que o termo mais provável seja uma derivação de “forrobodó.”

Este termo, por sua vez, é uma variante galego-portuguesa do antigo vocábulo forbodó, originado a partir da palavra francesa faux-bourdon, que pode significar “desentoação.”

2. Outra Suposição – Sem Comprovação Histórica

Outra hipótese é que o nome teria sido criado a partir de uma expressão inglesa.

Segundo essa teoria, os engenheiros britânicos que se fixaram na região de Pernambuco durante a instalação da ferrovia Great Western costumavam promover festas para figuras ilustres.

Entretanto, em determinados momentos, tais eventos eram abertos ao público e levavam em seus convites o termo for all, que significa “para todos” em português. O povo local começou a pronunciar então “forró.”

3. A Popularização do Nome na Década de 1950

Foi apenas na década de 1950 que se começou a usar de fato o nome “forró.” Um ano antes, o cantor e compositor Luiz Gonzaga gravou a música “Forró de Mané Vito,” produzida em conjunto com Zé Dantas. Em 1958, outra canção do músico chamada “Forró no Escuro” também fez muito sucesso.

Apesar da popularidade alcançada com os sucessos desse ícone da música, o que realmente difundiu o estilo pelo Brasil foi a migração nordestina para outros estados do país, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970.

Atualmente, o forró é apreciado em todo o Brasil e celebrado no dia 13 de dezembro, data de nascimento do sanfoneiro Luiz Gonzaga.

Surgimento do Forró

Logo que apareceu, o forró era uma criação artística autêntica do universo rural do sertanejo, tendo em Luiz Gonzaga seu principal divulgador e representante.

A música era normalmente tocada com apenas três instrumentos e trazia nas letras temas saudosistas, regionais e com forte sotaque interiorano.

O forró pé-de-serra continua presente em sua forma clássica na grande festa do Nordeste, seja pelas mãos de artistas já consagrados nacionalmente, como Dominguinhos, ou por nomes mais locais, como Santana, ainda há quem mantenha vivo o estilo original.

Diversidade Regional

O forró se manifesta de diversas formas em diferentes regiões do Nordeste. Entre as variações mais conhecidas estão o forró de sanfona, que é mais próximo do tradicional, e o forró universitário, que incorpora influências de outros gêneros.

Em estados como Pernambuco, Paraíba e Ceará, cada região traz suas peculiaridades, refletindo a rica tapeçaria cultural do Nordeste.

As diferenças nos ritmos, nas letras e nas coreografias são um testemunho da diversidade cultural que caracteriza essa dança e música.

Impacto Cultural

O forró transcende a música e a dança, atuando como um importante elemento de coesão social e identidade cultural no Brasil.

Durante as festas juninas, por exemplo, o forró se torna uma forma de celebração da cultura nordestina, unindo pessoas de diferentes origens em torno da dança e da música.

Além disso, o forró influenciou outras manifestações artísticas, como a literatura de cordel e o cinema, contribuindo para a preservação e divulgação da cultura nordestina.

Forró como Gênero Musical

Esse estilo musical é popularmente associado a outros gêneros: o xote, xaxado e baião. Neles, a base instrumental utilizada é a sanfona, o triângulo e a zabumba.

É chamado também de forró tradicional ou forró pé-de-serra e seus maiores representantes são Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos e Sivuca.

A partir dos anos 80, o forró sofreu algumas modificações.

Nessa época, foram introduzidas a bateria, a guitarra e o baixo elétrico. Já na década de 1990, outros elementos foram incorporados por algumas bandas, como o teclado e o sax, e a zabumba foi retirada.

Esse subgênero passou a ser chamado de forró eletrônico ou estilizado e sofreu críticas por estar transformando o forró tradicional em um produto superficial da indústria cultural.

Nos anos 2000, esse tipo de música ganhou nova repaginada e surgiu na forma do forró universitário, que acrescentava ao estilo original algumas mudanças instrumentais.

Forró como Dança

O forró é dançado em pares em posição de abraço fechado, com os parceiros de frente um para o outro, usando contato corporal total ou parcial.

Dependendo do estilo de música tocada – baião, xote, xaxado, forró universitário ou eletrônico – a maneira de dançar também é alterada. Os principais destinos para quem aprecia dançar forró são Itaúnas (ES), Caruaru (PE) e Campina Grande (PB).

Artistas Contemporâneos

Elba Ramalho e Dominguinhos
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Elba Ramalho e Dominguinhos (Forró Pé de Serra)

Os principais representantes do forró incluem Luiz Gonzaga, Carmélia Alves, Dominguinhos, Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Alceu Valença, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Falamansa, Rastapé, Forroçacana, Mastruz com Leite, Calcinha Preta, Frank Aguiar e Aviões do Forró.

O estilo passou por três grandes fases desde que surgiu, nos anos 1940.

A evolução do forró gera disputas, mas formatos podem conviver, dizem críticos. Começa nesta semana o principal momento da maratona de forró nas festas de São João no Nordeste.

Com a aproximação da noite oficial de comemoração do santo, na próxima sexta-feira (24), é quase impossível ouvir algum tipo de música diferente nesta época nas cidades que se transformam em principais focos da festa, como Campina Grande (PB) e Caruaru (PE).

No entanto, dizer que todos tocam forró não quer dizer necessariamente que a música é a mesma.

Ao longo das sete décadas desde que surgiu e se espalhou pelas mãos de Luiz Gonzaga, o estilo musical que é símbolo do Nordeste passou por transformações em sua forma.

Luiz Gonzaga deixou de ser uma música puramente regional tocada com sanfona, zabumba e triângulo, se adaptou à modernidade, incorporando elementos do pop, do axé e do tecnobrega.

Bandas de forró mais novas têm uma produção comparável a grandes shows de pop do mundo. Um desses grupos, Calcinha Preta, fez até mesmo apresentações em 360 graus, como as do U2. A transformação do forró gera controvérsias e disputas.

O secretário de cultura da Paraíba, o cantor Chico César, criticou as bandas mais “modernas,” que chamou de “forró de plástico.” No mesmo tom, Dominguinhos, fiel ao forró original, já alegou que as bandas novas mudaram tanto o estilo que “não dá pra dizer que aquilo é forró.”

Apesar da evolução do forró e dos contrastes, os diferentes estilos do forró podem “conviver,” segundo Expedito Leandro Silva, autor de “Forró no Asfalto: mercado e identidade cultural,” que trata da evolução e urbanização do estilo musical que é marca do São João no Nordeste.

“O primeiro não deixa de existir, e o segundo continua a se modernizar e acentua suas diferenças em relação ao original.”

Estilos do Forró

O estilo do forró é dividido em três grandes fases:

  1. Forró tradicional (também chamado de pé-de-serra)
  2. Forró Universitário
  3. Forró Eletrônico

Elas são marcadas pela urbanização, incrementação técnica e adaptação do estilo ao mercado em diferentes épocas.

Característica do forró tradicional, forró universitario e forró eletronico
Característica do forró tradicional, forró universitario e forró eletronico.

Reciclagem do Forró

As primeiras grandes mudanças vieram a partir de 1975, quando músicos populares da época, como Alceu Valença, Zé Ramalho e Elba Ramalho se enveredaram pelo forró, adaptando o estilo à época e à forma que já tocavam.

Era o forró Universitário, que tinha o nome tirado do público jovem e urbano ao qual apelavam.

O estilo foi retomado em forma semelhante duas décadas depois, quando grupos como Falamansa e Trio Rastapé se tornaram populares nacionalmente com o “forró pé-de-serra adaptado ao mundo atual,” como explicou Ricardo Cruz, do Falamansa.

“A semelhança entre a gente e Alceu Valença e Zé Ramalho existe por termos seguido um mesmo movimento de buscarmos nas fontes originais, tradicionais, como Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, aliando ao momento que vivemos.

No meu caso, é a contemporaneidade, misturando o pé-de-serra com influências de reggae, rock e MPB. Buscamos fazer pé-de-serra junto com nosso cotidiano, nossa realidade,” disse.

Revolução do Forró

Apesar da continuidade do forró tradicional e da mudança de sotaque sem grande transformação do universitário, nos anos 1990, o estilo passou por sua maior transformação.

Foi quando o forró incorporou instrumentos novos, bailarinas, roupagem mais colorida e elementos de músicas sertaneja, romântica, brega e até do axé para criar o forró eletrônico.

Também chamado de forró estilizado ou até mesmo “oxente music,” o movimento começou no início da década, com grupos como Mastruz com Leite e Magníficos, e foi se tornando maior e mais transformador ao longo dos anos.

A mudança nas últimas décadas foi tão intensa, chegando a grupos como Aviões do Forró e Calcinha Preta, que, segundo o pesquisador Expedito Silva, mudaram tanto a proposta original que se aproximam mais do tecnobrega do que do forró propriamente dito.

O fundador da banda Magníficos, uma das primeiras do forró estilizado, explicou que o que eles fazem é música popular romântica misturada com forró. “É como se pegássemos uma música de Roberto Carlos, por exemplo, e tocássemos em ritmo de forró,” disse José Inácio, o Jotinha.

A banda Magníficos, na verdade, começou com músicas tradicionais, pé-de-serra, mas decidiu mudar. “Luiz Gonzaga nos influenciou muito, mas adaptamos o pé-de-serra tradicional ao romântico. Gostamos e respeitamos, mas não é o que queremos fazer.

Você tem que acompanhar a evolução das coisas,” disse. Segundo Silva, que estudou a evolução do forró, o principal diferencial entre o estilo clássico e o eletrônico é que as bandas novas lidam melhor com o mercado e vendem mais.

“O estilo é preferido pelas pessoas mais jovens, que se identificam mais. O que acontece é que quem gosta de forró, especialmente no Nordeste, não confunde o eletrônico com o tradicional. Ele vê o estilizado como lazer, diversão, passatempo, mas respeita o forró tradicional,” afirmou.

Considerações Finais

A trajetória do forró é marcada por sua rica diversidade cultural e pela influência de diferentes estilos.

Desde suas origens humildes até sua ascensão como um dos principais gêneros musicais do Brasil, o forró continua a evoluir, mantendo viva a tradição ao mesmo tempo em que se adapta às novas gerações.

Com a resistência dos artistas tradicionais e a inovação dos novos grupos, o forró permanece como um símbolo vibrante da cultura nordestina.

Veja também Origens e a evolução do forró nas festas de São João

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Guia Turístico da Bahia e Nordeste

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