Azulejos de São Luís do Maranhão: História, Arte e Patrimônio

Os azulejos de fachadas de São Luís do Maranhão são símbolos da herança luso-brasileira, combinando função estética e proteção climática. Vindos de Portugal no século XIX, refletem estilos renascentistas, maneiristas e industriais.

Presentes em milhares de imóveis, são parte do patrimônio histórico da cidade, reconhecida pela UNESCO.

História dos Azulejos de Fachadas de São Luís

A gênese do azulejo remonta às civilizações do Próximo e Extremo Oriente, onde era amplamente utilizado como revestimento decorativo de paredes, especialmente para impermeabilização de alvenarias.

A técnica chegou à Europa através da Península Ibérica, com destaque para Portugal, que entre os séculos XVI e XIX desenvolveu uma tradição azulejar única, adaptando o azulejo à arquitetura de forma peculiar.

Azulejos e Fachadas de São Luís do Maranhão
Expansão do Uso nas Fachadas
Século XIX: Apogeu e Consagração Estética
Tratado de Comércio e Preferência à Metrópole
Uso Funcional e Estético no Casario Urbano
Exemplos Notáveis
Tipos e Técnicas
Aspectos Culturais e Reconhecimento
Processos de Fabricação
Variações e Ornamentações
Pelas Ruas de São Luís: A Arte dos Azulejos em Imagens

1. Azulejos e Fachadas de São Luís do Maranhão

Com os descobrimentos marítimos e a influência ítalo-flamenga, a azulejaria portuguesa passou por transformações significativas.

Em 1778, segundo o historiador Domingos Vieira Filho, chegaram a São Luís 107.402 azulejos, provavelmente utilizados no interior de igrejas ou residências. O uso nas fachadas começou a se popularizar a partir da década de 1840.

Azulejos e Fachadas de São Luís do Maranhão

2. Expansão do Uso nas Fachadas

No século XIX, o azulejo passou a revestir o exterior de edifícios, saindo do interior de igrejas, conventos e residências palacianas. Cidades litorâneas como Belém, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre também adotaram essa prática, mas São Luís destacou-se pela quantidade e variedade de fachadas azulejadas.

Azulejos na fachada de uma casa em São Luís do Maranhão

História dos azulejos de São Luís MA03:54

São Luís - cidade dos azulejos03:10

Veja História e Arquitetura Colonial de São Luís do Maranhão e Pontos Turísticos de São Luís do Maranhão – Dicas e História e História e Cronologia dos Azulejos Portugueses

3. Século XIX: Apogeu e Consagração Estética

Durante o auge econômico do Maranhão, impulsionado pela produção e exportação de algodão e arroz, o azulejo tornou-se símbolo de status e sofisticação. Além de embelezar, os azulejos protegiam as fachadas das intensas chuvas da região. Muitos azulejos eram importados de Portugal, especialmente os do tipo tapete, produzidos na técnica de estampilha.

4. Tratado de Comércio e Preferência à Metrópole

O Tratado de Comércio de 1834 entre Brasil e Portugal favoreceu a importação de louças e azulejos portugueses, em detrimento de outros centros produtores europeus. Assim, a maioria dos azulejos que chegaram a São Luís entre 1843 e 1879 veio de Lisboa e do Porto, com pequenas quantidades provenientes da França, Bélgica e Alemanha.

5. Uso Funcional e Estético no Casario Urbano

Os azulejos passaram a ser utilizados para proteger e embelezar as fachadas dos casarões urbanos, constantemente expostas às chuvas. Segundo o pesquisador Santos Simões, “foi do Brasil que veio para a velha metrópole a nova moda do azulejo de fachada – curioso fenômeno de inversão de influências”.

6. Exemplos Notáveis

Destacam-se edificações como as localizadas na Rua Direita, 397, Rua do Ribeirão, 68 e Rua de São Pantaleão, 441, notáveis pela modulação dos azulejos com os elementos arquitetônicos. A aplicação do revestimento variava entre total, parcial ou em adornos isolados, geralmente na fachada principal, mas também em fachadas laterais de imóveis de esquina.

7. Tipos e Técnicas

Os azulejos utilizados nas fachadas eram do tipo tapete ou liso, confeccionados nas técnicas de estampilha, decalque, relevo e marmoreado. A maioria apresentava formato de 13,5 cm x 13,5 cm, com guarnições de aproximadamente 6,75 cm x 13,5 cm e peças de canto de 6,75 cm x 6,75 cm. As composições variavam, podendo ser formadas por uma única peça ou pela repetição de quatro peças com rotação.

8. Aspectos Culturais e Reconhecimento

A arquitetura de São Luís, marcada pelo uso dos azulejos, contribuiu para que a cidade fosse reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1997. Segundo o IPHAN, a cidade conta com mais de 3.500 imóveis tombados no seu centro histórico. As fachadas azulejadas não só protegem contra a umidade e as chuvas intensas da região, como também refletem a cultura luso-brasileira e a riqueza gerada pela economia algodoeira e comercial do século XIX.

9. Processos de Fabricação

A produção dos azulejos envolvia a moldagem do biscoito por prensagem da argila em formas de madeira, seguida de secagem à sombra e uma primeira queima. Após a esmaltação com óxido de chumbo e estanho, os azulejos eram decorados e submetidos a uma segunda queima, fundindo os pigmentos à superfície. Eventualmente, uma terceira queima branda poderia ser necessária. Com a Revolução Industrial, a produção passou a ser mecanizada, mas os azulejos manufaturados continuaram a ser valorizados por suas irregularidades e particularidades.

10. Variações e Ornamentações

Os azulejos apresentavam variadas formas, dimensões, ornamentações e técnicas de fabricação. Muitos eram estruturados em figuras isoladas ou agrupadas, com esquemas ornamentais de origem renascentista e maneirista. Alguns permitiam variações de composição, enquanto outros apresentavam ornatos independentes. Destacam-se também os azulejos de produção industrial, como as estampagens mecânicas e os relevados, possivelmente produzidos pela Fábrica de Massarelos ou pela Fábrica das Devezas.