Arquipélago de Fernando de Noronha: História, Geografia e Turismo
O Arquipélago de Fernando de Noronha é formado por 21 ilhas, ilhotas e rochedos de origem vulcânica, situados no Atlântico Sul Equatorial.
A ilha principal, que também se chama Fernando de Noronha, é a única habitada e representa cerca de 91% da área total do arquipélago.
Localizado aproximadamente a 350 km do Cabo de São Roque, no estado do Rio Grande do Norte, e a 545 km de Recife, capital de Pernambuco, o arquipélago possui uma área total de 26 km², sendo que a ilha principal tem cerca de 17 km².
A formação geológica do arquipélago é resultado de atividades vulcânicas que ocorreram há cerca de 12 milhões de anos. A base dessa estrutura vulcânica está a aproximadamente 4.000 metros de profundidade no leito do oceano.
Além da ilha principal, destacam-se as ilhas Rata, Sela Gineta, Cabeluda, São José e as ilhotas do Leão e da Viúva.
Vídeo sobre o Arquipélago de Fernando de Noronha


Documentário sobre o arquipelago Fernando de Noronha35:45

Geografia do arquipelado Fernando de Noronha45:38

História do arquipelado Fernando de Noronha

Turismo em Fernando de Noronha05:30
1. Informações Turísticas
Planejar uma viagem a Fernando de Noronha pode ser a realização de um sonho para muitos brasileiros. Com uma população de cerca de 3.140 habitantes, o arquipélago é conhecido por seu turismo sustentável, que promove uma convivência harmoniosa entre o homem e a natureza.

Para aproveitar plenamente as belezas naturais e a rica história do local, recomenda-se uma estadia mínima de 5 dias. As atividades disponíveis atendem a diversos perfis de visitantes, oferecendo experiências únicas.
As principais atividades em Fernando de Noronha incluem:
- Mergulho com cilindro: Considerado um dos melhores destinos do mundo para a prática, com águas cristalinas e rica vida marinha.
- Snorkeling: Ideal para observar a diversidade de espécies marinhas em locais como a Praia do Porto e a Praia da Conceição.
- Observação de golfinhos: Especialmente os golfinhos-rotadores, que podem ser vistos em passeios de barco.
- Surf: As praias do arquipélago oferecem boas condições para a prática do esporte.
- Trilhas ecológicas: Caminhadas que levam a paisagens deslumbrantes e pontos de observação únicos, como a trilha da Atalaia.

2. Geografia


2.1 Ilha de Fernando de Noronha
A ilha principal possui cerca de 17 km², com aproximadamente 10 km de comprimento e 3,5 km de largura máxima. Seu perímetro é de cerca de 60 km.
- Morro do Pico: 323 m
- Morro do Espinhaço: 223 m
- Morro do Francês: 195 m
- Alto da Bandeira: 160 m
- Morro do Curral: 126 m
- Morro de Santo Antônio: 105 m
Na ilha encontram-se sítios históricos como a Vila dos Remédios, Vila da Quixaba e ruínas de fortes coloniais. A infraestrutura inclui aeroporto, hospital, escolas, usinas de energia e tratamento de água.
A ilha está dividida em duas áreas de conservação:
- APA (Área de Proteção Ambiental): cerca de 8 km²
- Parque Nacional Marinho: aproximadamente 112,7 km², incluindo a parte marítima

2.2 Ilhas Secundárias
Todas situam-se dentro do Parque Nacional Marinho e são protegidas por lei, com acesso restrito para garantir a conservação ambiental.
- Ilha Rata: segunda maior, com cerca de 6,8 km², importante para aves marinhas.
- Ilha do Meio: entre a Ilha Rata e o Rochedo Sela Gineta.
- Ilha Rasa: baixa e com topo plano.
- Ilha São José: ligada à ilha principal por tômbolo, com o Forte de São José do Morro.
- Ilha do Cuscuz: pequena formação próxima ao Morro de São José.
- Ilha do Lucena: fragmento da Ilha Rata.
- Ilha Chapéu do Nordeste: rochosa, próxima ao Morro de São José.
- Ilha Cabeluda: na saída da Baía do Sueste, com vegetação densa.
- Ilha Chapéu do Sueste: próxima à Baía do Sueste, com formato peculiar.
- Ilha dos Ovos: frente à Enseada do Abreu, área de aves marinhas.
- Ilha Trinta-Réis: pequena, com presença das aves homônimas.
- Rochedo Sela Gineta: entre as ilhas Rasa e do Meio.
- Rochedo Dois Irmãos: próximo à Praia da Cacimba do Padre, cartão-postal.
- Rochedo da Ilha do Frade: lembra um frade sentado.
- Rochedo próximo à Ilha dos Ovos: pequena formação rochosa.
- Rochedo próximo à Ponta das Caracas: nas proximidades da Baía do Sueste.
- Rochedo do Morro do Leão: com aparência de leão-marinho.
- Rochedo do Morro da Viuvinha: área de aves marinhas.
- Rochedos das Pedras Secas: três rochas no mar-de-fora, excelente ponto de mergulho.

3. História do Arquipélago Fernando de Noronha
Além das praias, baías e natureza riquíssima, o arquipélago de Fernando de Noronha também reserva outras surpresas para os turistas.
São 500 anos de história, que tornam o Arquipélago, além de um Patrimônio Natural, um verdadeiro Patrimônio Histórico que merece ser visitado e, sobretudo, preservado.
Conheça, nesta seção, um pouco mais sobre as histórias do arquipélago de Fernando de Noronha, desde o seu descobrimento até hoje.

3.1 Períodos Históricos
PERÍODOS DE ABANDONO, OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA E DE ABORDAGENS (1500 – 1736)
- 1500 – Aparece no Mapa de Cantino com o nome “Quaresma”.
- 1503 – Descoberta por Américo Vespúcio, na expedição de Gonçalo Coelho.
- 1504 – Doada como Capitania Hereditária a Fernão de Loronha.
- 1505 – Resgate dos náufragos por navio da Normandia, comandado por Binot Paulmier de Gonneville.
- 1534 – Estadia de Ulrich Schmidel, viajante alemão.
- 1556 – Abordada por franceses do Rio com André Thevet.
- 1558 – Visitada por Jean de Léry.
- 1577 – Visita do navegador inglês Francis Drake.
- 1612 – Abordagem francesa com Claude d’Abbeville e Daniel de la Touche.
- 1619 – Visita de Pedro de Castro, português.
- 1626 – Parada de holandeses para abastecimento.
- 1629 – 1654 – Ocupação holandesa, por Cornelis Jol (“Perna de Pau”).
- 1631 – Ilha arrendada a Michel de Pavw, chamada de “Pavônia”.
- 1654 – Fim da ocupação holandesa.
- 1700 – Transferência ao Governo de Pernambuco, sem ocupação efetiva.
- 1736 – Ocupação por franceses da Companhia das Índias Orientais, nomeando-a “Isle Dauphine”.
PERÍODO DE OCUPAÇÃO E DESENVOLVIMENTO (1737 – 2003)
- 1737 – Retomada por Pernambuco; criação da colônia correcional e sistema fortificado.
- 1739 – Envio compulsório de “ciganos” considerados vadios.
- 1745 – Passagem dos espanhóis Juan e Ulloa.
- 1760 – Visita relatada por Ekeberg, a bordo de navio sueco.
- 1816 – Missão artística francesa; Debret pinta o Morro do Pico.
- 1817 – Revolta em Pernambuco; destruição de estruturas por João de Barros Falcão.
- 1819 – Envio de índios das aldeias de Cimbres e Escada.
- 1824 – Chegada tardia da notícia da Independência.
- 1823 – 1827 – Administração do Ministério da Guerra.
- 1832 – Passagem de Charles Darwin.
- 1844 – Exílio de farroupilhas.
- 1877 – 1891 – Administração pelo Ministério da Justiça.
- 1890 – Envio de capoeiristas considerados desordeiros.
- 1893 – Instalação da South American Cables Ltda.
- 1914 – Concessão de cabos à empresa francesa.
- 1925 – Chegada da empresa Italcable.
- 1927 – Instalação da Compagnie Générale Aéropostale.
- 1930 – 1931 – Operação de aviões alemães e franceses.
- 1934 – Construção da primeira pista de pouso.
- 1938 – Transferência à União; instalação de presídio político.
- 1942 – Instalação da base americana na Segunda Guerra Mundial; segunda pista de pouso.
- 1942 – Criação do Território Federal de Fernando de Noronha.
- 1942 – 1981 – Administração pelo Exército.
- 1981 – 1986 – Pela Aeronáutica.
- 1986 – 1987 – Pelo EMFA.
- 1987 – 1988 – Pelo MINTER.
- 1946 – Destacamento da FAB para controle aéreo e meteorologia.
- 1957 – 1965 – Observação de mísseis no Boldró, por americanos.
- 1988 – Criação do Parque Nacional Marinho; reintegração a Pernambuco.
- 2001 – Tombamento pela UNESCO como Sítio do Patrimônio Mundial Natural.
- 2003 – Comemoração dos 500 anos do descobrimento.
3.2 RESUMO HISTÓRICO
3.2.1 Descoberta e Primeiras Referências
A ocupação de Fernando de Noronha remonta ao início do séc. XVI. Devido à sua posição estratégica no Atlântico Sul, o arquipélago foi uma das primeiras terras avistadas no Novo Mundo. Ele aparece em uma carta náutica de 1500, elaborada pelo cartógrafo espanhol Juan de La Cosa, e em outra de 1502, feita pelo português Alberto Cantino, onde é denominado “Quaresma“.
A descoberta oficial da ilha ocorreu em 10 de agosto de 1503, durante uma expedição portuguesa comandada por Gonçalo Coelho e financiada pelo comerciante lisboeta Fernão de Loronha.
O navegador Américo Vespúcio, integrante da expedição, registrou a ilha como “São Lourenço“, em homenagem ao santo do dia.
Em 1504, o rei D. Manuel I concedeu a ilha a Fernão de Loronha como uma Capitania Hereditária, sendo esta a primeira do Brasil. No entanto, Loronha nunca chegou a ocupar efetivamente o território.

3.2.2 Invasões Estrangeiras
Durante os séc. XVII e XVIII, o arquipélago foi alvo de invasões estrangeiras. No século XVII, os holandeses ocuparam temporariamente a ilha, chamando-a de “Pavônia“. Já no século XVIII, em 1736, os franceses tentaram colonizá-la, renomeando-a como “Île Delphine“.
Em resposta, o governo português enviou uma expedição em 1737, comandada por João Lobo de Lacerda, que expulsou os franceses e iniciou a construção de um sistema defensivo com dez fortificações, incluindo a Fortaleza de Nossa Senhora dos Remédios.
3.2.3 Presídio e Alterações Ambientais
A partir da ocupação portuguesa definitiva, o arquipélago foi transformado em um presídio comum, abrigando presos condenados a longas penas. Esses detentos foram responsáveis pela construção das fortificações e do sistema viário que interliga vilas e fortes.
Para evitar fugas e esconderijos, a vegetação original foi gradualmente derrubada, alterando o clima e a paisagem da ilha.
Atualmente, remanescentes da vegetação nativa podem ser encontrados em locais como a Ponta da Sapata, a encosta do Morro do Pico e os mirantes do Sancho, Baía dos Golfinhos e Praia do Leão.
3.2.4 Interesse Científico
O arquipélago sempre atraiu o interesse de cientistas e naturalistas.
Em 20 de fevereiro de 1832, o naturalista Charles Darwin visitou Fernando de Noronha durante a expedição do navio HMS Beagle. Em seu diário, Darwin descreveu a ilha como uma floresta densa e reconheceu a origem vulcânica das rochas do arquipélago.
3.2.5 Período Militar
Em 1938, o arquipélago foi cedido à União para a instalação de um presídio político.
Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, foi criado o Território Federal de Fernando de Noronha, com a instalação de uma base militar em parceria com os Estados Unidos, que utilizavam a ilha como ponto estratégico para operações no Atlântico Sul.
De 1942 a 1988, a administração da ilha esteve sob controle militar: primeiro pelo Exército (até 1981), depois pela Aeronáutica (até 1986) e, posteriormente, pelo Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) (até 1987).
Em 1988, com a promulgação da nova Constituição, Fernando de Noronha foi reintegrado ao Estado de Pernambuco, tornando-se um Distrito Estadual.
3.2.6 Reconhecimento Ambiental e Patrimônio Mundial
Também em 1988, foi criado o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, visando à preservação de sua rica biodiversidade marinha e terrestre. Em 2001, a UNESCO reconheceu o arquipélago, juntamente com o Atol das Rocas, como Sítio do Patrimônio Mundial Natural, destacando sua importância ecológica e a necessidade de conservação.
3.2.7 Vila dos Remédios
Apesar de descoberto em 1503 e doado como Capitania Hereditária em 1504, o Arquipélago de Fernando de Noronha permaneceu abandonado por mais de dois séculos, recebendo abordagens passageiras de navegadores de várias nacionalidades.
No séc. XVII, os holandeses ali permaneceram por 25 anos.
Quase nada existe como marca desse tempo, exceto uma parte das muralhas da atual Fortaleza dos Remédios (onde um reduto foi por eles construído, em 1629) e os espaços dos experimentos agrícolas.
Os relatos desse tempo falam de “armazéns“, “casas de moradia“, “entrepostos de mercadorias“, “curral“, “hortas“, uma pequena “Congregação Reformada Calvinista” entre outras evidências construtivas para uma ocupação tão longa.
Além disso, os “Jardins Elizabeth“, onde culturas eram experimentadas, sobretudo o anil. O espaço dessa “Vila” holandesa foi justamente onde se fez a VILA DOS REMÉDIOS, no século seguinte, após a definitiva ocupação por Portugal, através da Capitania de Pernambuco.
A Vila dos Remédios foi o local escolhido tanto pelos holandeses quanto pelos luso-brasileiros como principal núcleo urbano no arquipélago de Fernando de Noronha.
As condições estratégicas deste local eram evidentes: próximo a uma corrente d’água denominada Riacho Mulungu e de outras nascentes; de fácil acesso à Enseada do Cachorro, que servia eventualmente de ancoradouro; a nascente de água potável transformada depois na Bica do Cachorro; o acesso direto à nova fortaleza (Remédios).

3.2.8 Desenvolvimento Urbanístico da Vila dos Remédios
A fortaleza Nossa Senhora dos Remédios foi um marco no traçado urbanístico da Vila dos Remédios no arquipélago de Fernando de Noronha, com sua estrutura planejada, composta por dois pátios (duas unidades espaciais).
No espaço superior, ficava a Administração, o poder civil, e no inferior, a igreja, o poder religioso.
Toda a área da fortaleza Nossa Senhora dos Remédios foi calçada em pedra e as edificações construídas foram sempre de grande porte.
Vale destacar que uma das principais funções da Vila, na sua origem, foi dar suporte ao sistema carcerário também implantado a esse tempo. Estrategicamente, a vila não deveria ser vista do mar.

A VILA DOS REMÉDIOS no arquipélago de Fernando de Noronha despontou como o principal núcleo urbano da ilha.
Nela ficavam, a partir do séc. XVIII, a administração, com seus prédios públicos, os alojamentos carcerários e oficinas para presidiários, a Igreja, a praça de comando ou praça d’armas, as casas de moradia, o almoxarifado, a escola, o hospital e os armazéns para estocagem da produção agrícola e gêneros vindos do continente.
Também fez surgir o sistema viário calçado por toda a ilha, utilizando o modelo “cabeça de nego“, havendo sempre a preocupação com a drenagem das águas pluviais e a conservação do solo, procedimento este adotado nos pátios e ruas que definem a vila.
Durante mais de duzentos anos, esse núcleo foi sendo usado e conservado na sua estrutura original, com pequenas modificações e inclusões.
Em 1938, quando da entrega do arquipélago à União, arquitetonicamente a vila estava extremamente bem cuidada. As grandes interferências e desfigurações foram sentidas, na sua maior parte, a partir de 1942, com a ocupação ocorrida na II Guerra Mundial.
Perdeu-se, então, parte da face urbana antiga, surgindo a influência da construção pré-fabricada, pela sua praticidade em tempos de emergência, tornando-se um referencial nessa tecnologia.

4. Patrimônio Urbanístico de Fernando de Noronha
4.1 Vila do Trinta
Construída a partir da ocupação militar de 1942, em torno do quartel do Exército (o 30º Batalhão de Caçadores), seu nome origina-se do “30”, pintado no telhado do quartel. Ao seu redor ficava a “Vila dos Sargentos”, datada de 1975.
O antigo quartel abriga hoje o supermercado da ilha e diversos outros serviços. Ao lado, está o prédio da antiga “Usina Elétrica”, de 1942, e as casas que foram acrescentadas ao longo do tempo. Atualmente, o prédio é chamado de “Centro de Convivência”.
Ao lado da Vila, um grande prédio serve como peixaria e padaria, que foi um dos espaços de abastecimento da ilha durante a época militar, conhecido como “Armazém Reembolsável”. Em frente, ficavam casas que abrigavam os oficiais.
4.2 Vila da Floresta Velha / Escola (1964)
Ocupada a partir de 1964, foram construídas casas para oficiais do Exército e o prédio da Escola Arquipélago (antigamente chamada “Unidade Integrada de Ensino”).
Por trás desse núcleo urbano, está o cemitério da ilha, que data de 1843 e foi ampliado em 1883. Nele existiu uma capela em louvor a Nossa Senhora da Conceição, hoje destruída. Próximo a ele, localizam-se casas construídas sobre bases de grupamentos de guerra.
Em frente a esse conjunto, ergueu-se a Vila para Cabos, com casas pré-moldadas, e mais tarde, uma das igrejas evangélicas da ilha foi instalada ali.
4.3 Vila da Floresta Nova (a partir de 1987)
É uma vila de casas de madeira, típicas do Paraná, construída a partir de 1987, durante a gestão do Ministério do Interior e do primeiro Governador Civil da Ilha. Nessa área, no alto do morro, localiza-se o Sistema Golfinho de Rádio e TV, em construção pré-moldada.
4.4 Parque dos Flamboyant (Bosque)
Uma praça de convivência, arborizada e com equipamentos de lazer, foi definida no período militar e recebeu ampliações e ajardinamento em épocas diversas. Nas suas imediações, ficava o prédio que abrigou a segunda escola da ilha, demolido durante o governo da Aeronáutica.
4.5 Casas Pré-moldadas da Rua São Miguel
Sequência de casas pré-moldadas da Vila de Cabos do período militar, na antiga Rua do Sol, hoje Rua São Miguel. Em frente a essa vila, existem algumas casas diferenciadas, inclusive a que serviu como Clube de Mães. Também há as Vilas de Soldados (“Vila Fruta-Pão”).
Do lado esquerdo da Rua São Miguel, restam marcas das antigas casas que foram demolidas para o alargamento da rua, no período do Exército.
4.6 Vila dos Três Paus
Pequeno núcleo urbano localizado fora da pista principal, é um aglomerado circular surgido neste século, provavelmente para abrigar presidiários e suas famílias. Durante a ocupação militar, ali funcionou um polo de lazer: a “Boite Três Paus”.
4.7 Porto
Usado como porto desde o descobrimento, a enseada de Sto. Antônio sempre foi local de carga e descarga das embarcações que chegavam ou saíam do arquipélago. Um molhe em madeira e ferro foi construído durante a II Guerra Mundial para permitir a atracação de navios e o descarregamento de canhões.
A partir de 1987, um molhe definitivo foi erguido, com pedras obtidas da dinamitação do Morro Boa Vista, ainda não totalmente concluído. Diversos equipamentos turísticos apoiam esse local, onde são colocadas as embarcações de pesca e de mergulho.
4.8 Air France
Local onde se instalaram os franceses em 1927, para apoio à navegação aérea. Possuía três edificações para moradia dos técnicos e guarda do material de trabalho. Hoje, restaurada, a casa que resta tornou-se o “Espaço Cultural Air France”, abrigando a Associação de Artistas e Artesãos Noronhenses.
4.9 Alameda do Boldró
Área onde se instalaram os americanos em 1957, no Posto de Observação de Mísseis Teleguiados. Nessa Alameda, estão a Usina Termoelétrica Tubarão, a Usina Piraúna, o Hotel Esmeralda, a sede do Projeto TAMAR, a sede do IBAMA e diversas casas de moradores.
Mais adiante, de frente para o mar, fica o Bar Mirante do Boldró. Na parte baixa, junto ao mar, outro bar atende aos frequentadores da praia.
4.10 Basinha
Próximo ao Forte de São Pedro do Boldró, está o Hotel que abriga os técnicos da administração do arquipélago quando a serviço na ilha. São casas de madeira, semelhantes àquelas usadas na Floresta Nova, com capacidade para hospedar 16 pessoas.
Em frente ao hotel, outras casas do mesmo material abrigam técnicos em serviço que necessitam residir na ilha, como médicos, professores e pessoal de eletricidade e tratamento de água, entre outros.
4.11 Vila da Quixaba
Um dos núcleos urbanos primitivos da ilha, ergueu-se em torno da Capela de Nossa Senhora da Conceição e do “Alojamento de Sentenciados”, um belo casarão que foi destruído por uma explosão durante a II Guerra Mundial. Além da capela e do prédio de grande porte, 28 casas serviam de residência aos presos em regime aberto.
A capela de Nossa Senhora da Conceição teve três fases de construção. Erguida por sentenciados, ruiu, sendo reconstruída e novamente desabando em uma noite de temporal.
A face atual da capela data da segunda metade do século XVIII, sendo sua terceira construção. É uma edificação de pequenas proporções, em pedra, com uma porta central e altar em massa, apresentando detalhes que, analisados no final de 1999, incentivaram sua completa restauração.
Foi restaurado também todo o edifício e seu entorno, salvando a memória da antiga Vila da Quixaba e incentivando o início de uma ação de Educação Patrimonial e pesquisa arqueológica na área, para identificação da antiga casa de repouso sacerdotal e do antigo “Alojamento do Presídio”.
Os trabalhos realizados em 1999 orientaram a colocação de um painel informativo em cerâmica, ilustrado com fotos, apresentando uma retrospectiva completa do espaço Vila da Quixaba e das etapas de restauração.
4.12 Casa Grande do Sueste
No caminho velho do Sueste, fica essa edificação, provavelmente a mais antiga casa construída na ilha. Serviu como residência de veraneio dos comandantes do presídio e abrigou, em dois momentos, o hospital de beribéricos, devido ao clima e à grande quantidade de frutas cítricas nas proximidades. Próximo a ela está a Barragem da Pedreira, resultante da dinamitação do Morro Boa Vista, para a obtenção de pedras para a construção do molhe no porto.
4.13 Frigorífico Velho
No caminho da Praia de Atalaia, está esta grande construção, do tempo da presença americana na II Guerra Mundial. Hoje sem uso, é um edifício de grandes proporções, possível de ser incluído no processo de requalificação de prédios.
4.14 Hotel de Trânsito da Aeronáutica
Uma edificação de grande porte, localizada no morro de Sto. Antônio, teve três diferentes períodos de construção e usos diversos. Ali existiu a Estação Meteorológica da Marinha, ainda de pé em 1934, quando foi retratada por Percy Lau.
Sob suas ruínas ergueu-se a casa do Governador militar do Exército, na década de 60. Mais tarde, foi demolida para dar lugar à edificação atual, que também serviu como residência governamental até a reintegração do Arquipélago a Pernambuco, quando a área foi doada para o Ministério da Aeronáutica, servindo como Hotel de Trânsito para autoridades em visita a Fernando de Noronha.
4.15 Capela de São Pedro dos Pescadores
Pequena capela localizada na parte alta da região da Air France, não possui culto regular, sendo utilizada apenas por ocasião da Festa de São Pedro, quando parte a “Buscada Marítima” em louvor ao patrono dos pescadores. A área é um excelente mirante.
4.16 Patrimônio Edificado da Vila dos Remédios
4.16.1 Igreja de Nossa Senhora dos Remédios
A Igreja de Nossa Senhora dos Remédios é o principal templo católico no arquipélago de Fernando de Noronha. Teve sua construção iniciada em 1737 e a obra de estrutura concluída em 1772, data que ostenta em sua fachada, sendo-lhe acrescidos os ornamentos e bens culturais móveis a partir de então, finalizando em 1784.

Essa devoção inspirou a denominação do principal forte construído na área e de toda a Vila. A Virgem dos Remédios foi tomada como padroeira do presídio comum desde 1768. Em 1789, esse templo foi eclesiasticamente ligado à Paróquia de São Frei Pedro Gonçalves, como extensão da mesma, dependência que existe até os dias atuais.
Em 1891, ocorreu a sua primeira grande restauração, seguida de novas intervenções em 1915 e 1919. A última e mais fidedigna restauração aconteceu em 1988, com recursos federais, e teve sua inauguração presidida pelo Arcebispo Emérito de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara.
Em 1997, o templo foi revitalizado pela pintura e iluminação noturna, destacando-se na paisagem à noite. Em 1981, esta igreja foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sendo o segundo monumento a receber esse diferencial no arquipélago. Em 1998, ocorreu uma nova revitalização da igreja pela pintura, quando o templo voltou a ter suas cores originais.
4.16.2 Palácio São Miguel
Sede da administração do Distrito Estadual de Fernando de Noronha, foi construído em 1947/48, sobre as ruínas da antiga “Directoria do Presídio”. Este era um casarão colonial situado no centro da praça d´armas da Vila dos Remédios, com janelas ogivais, um pavimento e grande escadaria de acesso.

O palácio foi erguido por pessoas da própria ilha, sob a coordenação do ex-preso político comunista Mariano Lucena. Sua construção e alteração arquitetônica visaram acolher a sede do governo do Território Federal Militar. Em alguns períodos, o pavimento inferior serviu também como residência do Governador.
No interior, foram deixadas evidências da construção anterior, em pedra, fruto da mão-de-obra carcerária existente. Inaugurado em 1948, possui móveis de meados do século e duas telas de grande porte, obras do pintor pernambucano Wash Rodrigues, trazido a Noronha para executar esse trabalho.
Há também um vitral, com a imagem do arcanjo São Miguel, em tamanho natural, feito pela vitralista Aurora Lima, discípula do artista alemão Henri Moser, restaurado no ano 2000 por seguidores da escola de Moser.
4.16.3 Antigo Armazém de Produtos Agrícolas
Uma edificação com o maior volume da arquitetura civil de Noronha, como comprova a iconografia de muitos períodos, na qual o prédio aparece com diversos usos. É hoje objeto de interesse como marco da recuperação da cenografia da Ilha.
Entre várias funções, serviu como residência do Diretor do Presídio, armazém de produtos agrícolas, almoxarifado, padaria, marcenaria, aquartelamento de soldados durante a II Guerra Mundial e, novamente, como residência de ilhéus. Por fim, abandonado, começou a se deteriorar, sabendo-se com certeza que ele estava de pé e coberto em 1972.
Os danos na edificação já são significativos e precisam ser combatidos para evitar a perda total desse excelente exemplar da arquitetura civil da ilha. A principal proposta de requalificação é transformá-lo em um espaço cultural contemporâneo, dada sua excelente localização e proporções arquitetônicas.
Em 2003, foi registrado no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos – CNSA, do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
4.16.4 Antigo Armazém de Cereais
Uma edificação de grande porte, localizada no final da praça diante da Igreja dos Remédios, servia para a estocagem de cereais e, depois, como “garagem do presídio”. Abandonada, foi se deteriorando e, em 1990, parte dela foi restaurada para abrigar o Terminal Turístico da praia do Cachorro, como apoio aos cruzeiros marítimos iniciados naquele ano, e hoje abriga o famoso “Bar do Cachorro”.
4.16.5 Antiga Aldeia de Sentenciados
Única edificação remanescente do sistema carcerário que funcionou em Fernando de Noronha por mais de 200 anos, a “Aldeia dos Sentenciados” é uma construção notável, de grande porte, com espaços internos bem definidos, projetada para abrigar presos solteiros.
Localizada na Vila dos Remédios, na antiga Praça d´Armas, próxima ao Palácio São Miguel, teve – no século passado, a partir da permissão para o envio de mulheres presas ao arquipélago – também a denominação de “Presídio Feminino”, por abrigar as sentenciadas.
No seu interior, existiram celas coletivas, espaços para presos confinados, padaria, refeitório, cozinha, setores administrativos e pátios internos “a céu aberto”. Diante dessa edificação, os presos de bom comportamento, que residiam com suas famílias, eram obrigados à chamada matinal a cada dia. Ao lado, ficam as ruínas do Clube Atlântico, erguido sobre o que restou do antigo chalé do Cabo Francês. Durante a II Guerra Mundial, o edifício abrigou soldados. Depois, abandonado, passou a servir como residência improvisada, situação que persiste até hoje.
4.16.6 Jardim Elizabeth
Espaço utilizado como local de aclimatação de plantas desde o século XVII, foi também a “Horta da Vila”, pensada para abastecer a Vila dos Remédios com produtos agrícolas. Possui ainda pontes, terraços apropriados para a agricultura e estradas em pedra, além de farta vegetação.
É também um marco funcional de Noronha, como porto de reparo de navios, utilizando-se o material abundante nessas áreas de reflorestamento permanente. Redescoberto em 1997, durante o levantamento dos elementos que orientariam a implantação do “Projeto Trilhas Ecoturísticas”, constitui-se um aprazível recanto, que tem hoje um fluxo turístico constante.
4.16.7 Vias Seculares
Núcleo original, erguido no século XVIII, a Vila dos Remédios exigiu a construção de acessos por toda a ilha, interligando-a aos outros pontos ocupados e gerando um sistema viário feito em pedra, com a mão-de-obra carcerária. Destacam-se a Estrada do Pico, a Estrada do Porto, a Rua da Estrela e a Estrada da Ponte. Todos esses caminhos aparecem na planta de José Fernandes Portugal, feita em 1798.
Essas vias de acesso foram se degradando com o uso e, sobretudo, com a introdução do veículo para locomoção na ilha. Grandes trechos sem pedra apresentam problemas de decomposição do calçamento, ameaçados pelo uso pela fragilidade de todo o sistema.
4.16.8 Bica da Praia do Cachorro
Uma bica secular, que serve para banho de água doce daqueles que utilizam a Praia do Cachorro como lazer. Localiza-se ao lado do Reduto de Sant’Anna, implantado no século XVIII. Está parcialmente arruinada, não existindo mais a cara de cachorro que lhe deu o nome, que era em bronze, em um belo trabalho artístico. Existem registros dessa área desde o começo do século passado, e a bica é utilizada até hoje.
4.16.9 Antiga Escola
As primeiras experiências de ensino em Noronha foram improvisadas. A sacristia da igreja foi usada como ponto de apoio à escola. No final do século passado, algumas edificações simples, erguidas para serem residências, foram improvisadas como escolas para meninos e meninas.
Neste século, na Praça d´Armas, defronte à “Directoria do Presídio”, uma edificação foi construída para ser escola, com duas salas de aula (classe feminina e classe masculina) e a diretoria escolar. Um solário completava a bela edificação, com o brasão da República no alto. Durante a II Guerra Mundial, essa casa foi usada como sede da Rádio PTI, acrescentando-se no solário os espaços que atendiam a esse fim e uma antena na parte posterior.
Para acesso ao solário, uma escada foi colocada também na parte posterior do prédio. Abandonada, a edificação se deteriorou quase completamente, sendo salva pelo Banco Real, já implantado na ilha desde 1975 (em sala do Palácio São Miguel), que a adaptou para abrigar a agência bancária. Na impossibilidade de restaurar-se o solário, foi-lhe colocado um telhado em telha canal, semelhante ao que foi utilizado na igreja vizinha. Dentro da agência, um painel retrospectivo demonstra, iconograficamente, as faces dessa edificação ao longo do tempo.
História, Geografia e Turismo do Arquipélago de Fernando de Noronha
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