A Vida e a Obra de Dominguinhos: O Mestre da Sanfona Brasileira
José Domingos (Garanhuns, 12 de fevereiro de 1941), conhecido como Dominguinhos, foi um instrumentista, cantor e compositor brasileiro.
Sua contribuição para a música brasileira é inegável, especialmente no que diz respeito à sanfona e seus diversos estilos.
1. Primeiros Anos
Neném do Acordeon
Desde menino, José Domingos já se interessava por música, por influência do pai, que lhe deu de presente uma sanfona de oito baixos.
Aos seis anos de idade, aprendeu a tocar o instrumento e começou a se apresentar em feiras livres e na porta de hotéis em troca de algum dinheiro, junto com dois de seus irmãos, Moraes e Valdomiro, formando o trio “Os Três Pinguins”.
No início da formação, Dominguinhos tocava triângulo e pandeiro, passando depois a tocar sanfona. Praticava o instrumento por horas a fio e se tornou um exímio sanfoneiro, passando a ser conhecido em Garanhuns como “Neném do Acordeon”.
Em 1957, Neném do Acordeon foi rebatizado por Gonzagão, seu padrinho artístico, passando a ser conhecido pelo nome que o acompanharia pelo resto da vida: Dominguinhos. Nesse mesmo ano, fez sua primeira apresentação profissional, acompanhando o Rei do Baião. Começava ali uma carreira de muito sucesso.
Encontro com Luiz Gonzaga
1949 – Aos 7 anos, conhece Luiz Gonzaga enquanto toca na frente do hotel em que este estava hospedado em Garanhuns.
O Rei do Baião promete uma sanfona de presente ao garoto, se um dia ele for ao Rio de Janeiro.
Nasce Dominguinhos
“Meu pai quis ir imediatamente pra casa de Gonzaga… Deu 2 minutos e ele pegou uma sanfona de 80 baixos e a entregou. Tudo que a gente queria na vida era uma sanfona.”
2. Mudança para o Rio de Janeiro
1954 – Muda-se para o Rio de Janeiro acompanhado do pai e de um dos irmãos. Radicado no subúrbio de Nilópolis, aprende outros estilos para tocar em casas noturnas da cidade, em especial o chorinho.
3. Carreira Musical
Biografia de Dominguinhos06:10
Dominguinhos no íncio cantando01:43
Dominguinhos estilo musical02:04
Forró com Luis Gonzaga e Dominguinhos
Dominguinhos com Luiz Gonzaga
1957 – Aos 16 anos, é apadrinhado por Gonzaga, que o chama de seu “herdeiro artístico”. Gonzagão ainda lhe daria o apelido que o tornaria famoso no Brasil. No mesmo ano, faz sua primeira gravação profissional ao tocar sanfona na música “Moça de feira”, em um álbum de Luiz Gonzaga.
4. Trio Nordestino e Anastácia
Grupo de forró Trio Nordestino
1958 – Aos 17 anos, casa com Janete, sua primeira mulher, e juntos têm os filhos Mauro e Madeleine. “Diziam que o Gonzaga tinha voz de cana rachada. Aquele negão, de chapéu de couro, de alpercata, de gibão, tocando sanfona, era uma afronta dançando xaxado, aquelas coisas todas.”
1958 – Forma, ao lado de Zito Borborema e Miudinho, o grupo de forró Trio Nordestino. Nos anos seguintes, interessa-se por outros gêneros, como samba, gafieira e bolero.
5. Reconhecimento e Colaborações
1965 – Dominguinhos é convidado por Pedro Sertanejo a gravar na gravadora Cantagalo, um disco que tinha como alvo os imigrantes nordestinos que viviam no Rio de Janeiro.
Dominguinhos com Anastácia
1967 – De volta aos xotes e baiões, integra a excursão de Gonzagão no nordeste, dividindo-se entre sanfoneiro e motorista (Dominguinhos, aliás, tinha medo de avião). Nesta turnê, conhece a cantora pernambucana Anastácia, sua futura esposa e coautora de mais de 200 canções.
Dominguinhos com Gal Costa
1972 – A convite do empresário Guilherme Araújo, acompanha Gal Costa no show “Índia”. No ano seguinte, Gil grava “Eu só quero um xodó”, hit que depois ganharia mais de 250 regravações.
1975 – Participa da turnê de “Refazenda” de Gilberto Gil, que também grava “Tenho sede”. Passa a colaborar com mais frequência com o universo da MPB (vide foto com Nara Leão). Em 1979, compõe com o poeta Manduka “Quem me levará sou eu”, vencedor do Festival da TV Tupi.
1985 – Emplaca duas músicas na novela “Roque Santeiro”: “De volta pro meu aconchego” e “Isso aqui tá bom demais”, assinada junto com Nando Cordel.
6. Críticas e Inovações
Invasão do Forró Universitário
1990 – Durante a década inteira, Dominguinhos lança um álbum por ano. Durante esses dez anos, mostrou-se crítico ao forró universitário e eletrônico – chamando este último de “descartável”.
1997 – Assina as canções do filme “O Cangaceiro”, de Anibal Massaini Neto. Ele também participa cantando as músicas de Zé do Norte, presente no longa original de 1953.
1999 – Dez anos depois da morte de Luiz Gonzaga, grava o disco “Você vai ver o que é bom”, que traz uma música inédita do compositor Zé Dantas (parceiro de Gonzagão).
7. Legado e Reconhecimentos
Dominguinhos (1941-2013) foi um músico brasileiro, cantor, sanfoneiro e compositor. Fez parcerias musicais com Gilberto Gil, Nando Cordel, Chico Buarque, Anastácia, entre outros.
Seu legado se estende para além de suas gravações; ele influenciou gerações de músicos e compositores, que continuam a incorporar seu estilo e suas inovações na música brasileira contemporânea.
8. Vida Pessoal
Nascido em Garanhuns, Pernambuco, no dia 12 de fevereiro de 1941, foi filho de mestre Chicão, tocador e afinador de fole de oito baixos. Começou sua carreira artística ainda na infância, quando formou um trio com seus dois irmãos. Seu instrumento era o pandeiro, e o trio se apresentava nas feiras livres, em botequins e na porta de hotéis.
9. Últimos Anos e Falecimento
Em 17 de dezembro de 2012, Dominguinhos foi internado no Hospital Santa Joana, no Recife, com infecção respiratória e arritmia cardíaca. No dia 15 de janeiro, a pedido da família, foi transferido para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde ficou em coma, após duas paradas cardíacas.
Dominguinhos faleceu no dia 23 de julho de 2013, em São Paulo. Seu sepultamento foi realizado no cemitério Morada da Paz, no município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife. Para atender a um pedido de Dominguinhos, que em entrevista ao radialista Geraldo Freire, da Rádio Jornal do Comércio, expressou o desejo de ser sepultado no município onde nasceu, seu corpo foi transladado para Garanhuns, no dia 26 de julho de 2013, e sepultado no cemitério São Miguel.
A Influência da Sanfona na Música Brasileira
A sanfona é um dos instrumentos mais emblemáticos da música brasileira, especialmente nas tradições do Nordeste. Sua influência é ampla e significativa, manifestando-se em diversos gêneros e estilos:
- Forró: A sanfona é o instrumento central no forró, um gênero que combina ritmos dançantes e letras que muitas vezes falam da vida rural, do amor e da cultura nordestina. Artistas como Luiz Gonzaga e Dominguinhos ajudaram a popularizar a sanfona nesse estilo.
- Baião: Este gênero, criado por Luiz Gonzaga, é caracterizado pelo uso da sanfona, que traz uma sonoridade única e vibrante. O baião incorpora elementos de ritmos africanos e indígenas, evidenciando a riqueza cultural do Brasil.
- Xote e Xaxado: Esses ritmos também utilizam a sanfona como um dos principais instrumentos, contribuindo para a diversidade rítmica da música nordestina.
- Choro: Embora o choro tenha uma formação instrumental diversificada, a sanfona se destaca em algumas de suas interpretações, trazendo uma nova sonoridade ao gênero.
- Influência em Outros Gêneros: Com o tempo, a sanfona começou a aparecer em estilos variados, como a MPB, samba e até mesmo em algumas músicas de rock e pop brasileiro, mostrando sua versatilidade.
- Identidade Cultural: A sanfona é um símbolo da cultura nordestina e brasileira, representando a resistência e a tradição de um povo. Seu som remete às festas, celebrações e à vida cotidiana das comunidades.
- Educação Musical: A sanfona tem sido utilizada em escolas de música e projetos sociais, contribuindo para a formação de novos músicos e mantendo a tradição viva.
Em resumo, a sanfona não é apenas um instrumento musical; é um ícone cultural que tem moldado a identidade da música brasileira, unindo diversas influências e estilos ao longo do tempo.
Biografia de Dominguinhos
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