Cidades e Cultura do Agreste de Pernambuco: Tradições, Festivais e Belezas Naturais
O Agreste é a região intermediária no interior de Pernambuco, situada entre a Mata e o Sertão.
O Agreste caracteriza-se por uma economia diversificada, com o cultivo de lavouras como milho, feijão e mandioca, além de pecuária, tanto leiteira quanto de corte.
Principal bacia leiteira do estado, o Agreste possui índices pluviométricos maiores do que os do Sertão, com média anual variando entre 800 e 1.000 milímetros, mas também é uma região sujeita a secas periódicas.
Está dividida em seis microrregiões, que veremos a seguir: Vale do Ipanema, Vale do Ipojuca, Alto Capibaribe, Médio Capibaribe, Garanhuns e Brejo Pernambucano.
Em geral, possui solos rasos, frequentemente erodidos e depauperados, que são adequados para o cultivo de cereais.
Além disso, o Agreste de Pernambuco oferece atrativos como clima ameno, trilhas pela mata, banhos de cachoeira e piscinas naturais, tornando-se um destino ideal para turistas em busca de aventura e lazer.
Regiões Climáticas de Pernambuco
Pernambuco possui três regiões climáticas principais, que são:
1. Clima Tropical
Predomina na maior parte do estado, especialmente na Zona da Mata, com temperaturas elevadas e estações bem definidas: uma seca e outra chuvosa.
2. Clima Semiárido
Encontrado no Sertão e no Agreste, caracteriza-se por longos períodos de estiagem e temperaturas altas, com precipitações irregulares.
3. Clima Equatorial
Presente na região da Mata Norte, caracterizado por alta umidade e chuvas abundantes durante o ano.
Além dessas, há variações climáticas locais que podem ser observadas, como microclimas em áreas montanhosas ou nas proximidades de corpos d’água. No entanto, em termos gerais, as três mencionadas são as principais.
A diversidade climática do estado influencia diretamente a vegetação, a fauna e as atividades econômicas em cada região.
Vídeos – Atrações turísticas do agreste de Pernambuco
AtraçõesTurísticas do Agreste de Pernambuco
- Cidade de Caruaru
- Parque Nacional do Catimbau
- Cidade de Bezerros
- Cidade de Gravatá
- Cidade de Garanhuns
- Fazenda Nova e a Paixão de Cristo
1. Cidade de Caruaru
Caruaru é considerada a capital do Agreste pernambucano e está situada a 132 quilômetros de Recife. A cidade disputa com Campina Grande, na Paraíba, o título de sede da maior festa brasileira de São João.
Embora Campina Grande atraia mais pessoas no dia 24 de junho, a festa em Caruaru é mais longa, começando no primeiro final de semana de junho e terminando um mês depois.
O principal local das comemorações é o Pátio de Eventos Luiz Lua Gonzaga, onde foi instalada a Vila do Forró, que reproduz um típico vilarejo do interior durante as festas juninas.
Durante os festejos, quadrilhas, violeiros e repentistas tomam conta das ruas, e os “bacamarteiros” se apresentam com uma antiga tradição, empunhando seus bacamartes ao som de xaxados.
Caruaru abriga a maior feira livre do Nordeste e o Museu Casa do Mestre Vitalino, que homenageia um dos seus filhos mais célebres. O nome “Caruaru” tem raízes na língua tupi, possivelmente derivando de “kara” (cerca) e “urú” (ave), interpretado como “cerca de urubus”.
1.1. Feira de Caruaru
A feira em Caruaru oferece artesanato, ervas medicinais, comidas típicas e produtos eletrônicos, ocupando cerca de 150.000 metros quadrados no Parque 18 de Maio.
Aos sábados, é uma feira livre e de artesanato, enquanto na segunda-feira ocorre a Feira da Sulanca, onde comerciantes buscam roupas baratas para revenda.
1.2. Alto do Moura em Caruaru
O bairro Alto do Moura, a 7 quilômetros do centro, concentra os ateliês da maioria dos artesãos da cidade, incluindo Severino Vitalino, filho do famoso Mestre Vitalino.
O museu criado em sua antiga residência, o Museu Casa do Mestre Vitalino, reúne peças do mestre e objetos pessoais.
1.3. Museu do Barro e Museu do Forró
No Espaço Cultural Tancredo Neves, inaugurado em 1988, estão o Museu do Barro, que homenageia Mestre Zé Caboclo, e o Museu do Forró, dedicado a Luiz Gonzaga.
O Museu do Barro possui um acervo de 2.300 peças, e o Museu do Forró contém itens sobre a vida e carreira do “Rei do Baião”.
1.4. Morro do Bom Jesus
Caruaru se ergue ao redor do Morro do Bom Jesus, com 630 metros de altitude, onde estão mirantes, transmissores de rádio e uma capela, originalmente chamada de Capela do Socorro.
2. Parque Nacional do Catimbau
O Parque Nacional do Catimbau foi aberto em 2002 e, embora ainda pouco explorado e sem infraestrutura, está localizado no vale do Catimbau, cercado pelas serras de Buíque, a 25 quilômetros de Arcoverde.
A vegetação da área, na transição entre o Agreste e o sertão, inclui caatinga, mata atlântica, campo rupestre e cerrado, abrigando cerca de 150 espécies de aves, como o pintassilgo, endêmico no Nordeste.
As grandes atrações do parque são as formações geológicas, esculpidas pelo tempo, e as inscrições rupestres. As barreiras de rocha apresentam desenhos em vermelho, amarelo e azul, sendo únicas em qualquer outra unidade de conservação no Brasil.
Dentro do parque, encontra-se o segundo maior painel de registros arqueológicos do país, o Alcobaça. Apesar de escasso em água, é possível refrescar-se no Paraíso Selvagem, uma nascente que forma um balneário com piscinas naturais.
Os 62.300 hectares do Catimbau podem ser explorados por caminhadas ou em veículos com tração nas quatro rodas, sendo obrigatório o acompanhamento de monitores da associação de guias locais. O acesso ao parque é feito pela BR-232, até Arcoverde, e depois pela PE-076, sentido Buíque, ambas em péssimas condições.
3. Cidade de Bezerros
A cidade de Bezerros está situada entre Caruaru e Gravatá – a 27 quilômetros da primeira e a 20 km da segunda. Bezerros, no Agreste de Pernambuco, na altura do quilômetro 107 da BR-232, é sinônimo de xilogravura e de papangu.
Na xilogravura, a referência maior é o importante xilógrafo J. Borges, enquanto Lula Vassoureiro se destaca na produção das famosas máscaras coloridas feitas com papel de jornal, marca da folia carnavalesca da cidade. O artesanato se torna um cartão de visita de Bezerros, e vale a pena conhecer o ateliê dos artistas e a sede da Associação dos Artesãos, com uma boa oferta de peças.
A subida para a Serra Negra pode ser um programa agradável, tanto pela paisagem quanto para conhecer o Pólo Cultural.
3.1. Memorial José Borges
Maior responsável pela fama da xilogravura de Bezerros, José Borges – conhecido como J. Borges – nasceu na cidade há mais de setenta anos.
Ele continua ativo, embora sua produção tenha diminuído devido à saúde e compromissos no exterior. No memorial, um ateliê, J. Borges recebe visitantes, faz suas peças e ensina o que sabe aos filhos e a um neto. Localização: Av. Major Aprígio da Fonseca, 420, Centro.
3.2. Pólo Cultural de Serra Negra
Na vila de Serra Negra, a 10 quilômetros do centro de Bezerros, encontra-se o Pólo Cultural, uma estrutura que contrasta com a mata verde ao redor.
O local oferece uma vista privilegiada e possui trilhas procuradas por visitantes. No anfiteatro ao ar livre, há apresentações regulares de espetáculos e shows de música. Localização: Vila de Serra Negra, s/n, Zona Rural.
3.3. Associação dos Artesãos
Um dos melhores locais para adquirir artesanato em Bezerros, a Associação dos Artesãos funciona em um prédio cedido pela prefeitura, permitindo aos artesãos vender seus trabalhos a preços mais baixos.
Além das máscaras de papangu, há também peças de madeira e tecidos. Localização: Rua Vigário Manuel Clemente, 123, Centro.
3.4. Centro de Artesanato de Pernambuco
Misto de museu, oficina e loja, este centro rivaliza com outros do gênero em grandes cidades do Nordeste. O museu exibe artigos de quase todos os municípios produtores de artesanato no estado, e na oficina, os participantes aprendem a trabalhar com xilogravura e a fazer máscaras. Localização: Av. Major Aprígio da Fonseca, 770, km 107 da BR-232, São Sebastião.
3.5. Tradição dos Papangus
No início do século XX, foliões de Bezerros começaram a sair às ruas com máscaras feitas de papel de embrulhar charque e papelão pintado. Com o tempo, as máscaras se aprimoraram e a oferenda mudou para angu, dando origem ao nome papangu.
As máscaras de Lula Vassoureiro são uma marca tradicional do Carnaval de Bezerros. Na oficina de Vassoureiro, é possível comprar papangus, matrizes, bonecos e outras peças feitas com o mesmo material. Localização: Rua Otávia Bezerra Vila Nova, 64, Santo Amaro 1.
4. Cidade de Gravatá
Erguida a 447 metros de altitude, com temperatura média anual de 21 °C e repleta de restaurantes que servem fondue, Gravatá, a 80 quilômetros de Recife pela BR-232, é conhecida como a “Suíça do Nordeste”.
A origem do nome “Gravatá” é atribuída à língua tupi, onde “gravatá” significa “lugar onde se faz gravata” ou “lugar de gravata”, referindo-se à planta conhecida como “gravata”, um cipó que se enrola em árvores. Outra interpretação sugere que o nome pode estar ligado ao ato de “gravar” ou “esculpir”, embora a conexão com a planta seja a mais aceita.
O clima “europeu” convive harmoniosamente com as tradições brasileiras – seus festejos juninos atraem muitos turistas, assim como a Festa da Estação, realizada em agosto para marcar o fim do Circuito do Frio. Quatro outros municípios – Garanhuns, Pesqueira, Triunfo e Taquaritinga – participam do evento, promovido pelo governo do estado, que inclui oficinas, palestras e apresentações musicais no Pátio de Eventos Chuchre Mussa Zazar.
O Festival de Setembro, promovido pelos setores que sustentam a economia da cidade – o moveleiro, o gastronômico, o de artesanato e o de produção de flores – reúne o que Gravatá faz de melhor em 1.500 metros quadrados de estandes.
4.1. Estação do Artesão
A Estação do Artesão, localizada na antiga estação ferroviária da cidade e administrada pela Associação dos Artesãos de Gravatá, expõe os trabalhos de aproximadamente 60 artesãos. O espaço se divide em duas salas com peças em madeira, tecidos e telas de artistas locais. Localização: Rua João Pessoa, s/n, Centro.
4.2. Morro do Cruzeiro
No alto do morro do Cruzeiro, é possível avistar a réplica do Cristo Redentor de braços abertos sobre a cidade. Inaugurado em julho de 1941, o monumento tem 7 metros de altura e 8 de base.
Para chegar até ele, são cinco minutos de carro a partir da igreja de Santana ou pela escadaria da Felicidade, que tem 365 degraus e dura cerca de 15 minutos. A vista do ponto culminante é extraordinária, especialmente no pôr do sol.
4.3. Polo Moveleiro
No Polo Moveleiro, estão instaladas 60 lojas de móveis e decoração em madeira, além de trabalhos de artesanato. Os artigos não se limitam à produção local; é possível encontrar peças de diversas regiões do Nordeste. Localização: Rua Duarte Coelho.
5. Cidade de Garanhuns
Situada a 230 quilômetros de Recife, Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, com temperatura média anual de aproximadamente 21°C, é conhecida nacionalmente por ser a cidade natal de Luiz Inácio Lula da Silva, que na verdade nasceu em Caetés, um distrito deste município.
Mais do que ser o berço do líder operário que alcançou a Presidência da República, Garanhuns é a maior cidade serrana do Nordeste e sede de um Festival de Inverno que atrai atenção em outras regiões do país. Além disso, a cidade abriga uma comunidade de descendentes de quilombolas, a Castainho, remanescente do Quilombo dos Palmares.
Do alto da colina do Cristo Magano, tem-se a melhor vista da cidade, cujo cartão-postal é o relógio de flores (praça Tavares Correa, no início da av. Rui Barbosa), com 4 metros de diâmetro.
Partindo da capital pernambucana, chega-se a Garanhuns pela BR-232 até o km 150 (São Caetano) e, na sequência, pela BR-423.
5.1. Festival de Inverno
O Festival de Inverno, realizado há quinze anos durante as férias de julho, é um dos principais eventos do calendário turístico de Pernambuco. Durante dez dias, promovem-se apresentações de artistas e oficinas nas áreas de artes visuais, dança, literatura, moda, patrimônio, música e teatro em diversos pontos da cidade.
Desde 2001, a comunidade de Castainho integra a programação do evento, organizado pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco/Fundarpe em parceria com a prefeitura de Garanhuns.
6. Fazenda Nova e a Paixão de Cristo
Fazenda Nova, localizada a 187 quilômetros de Recife, ganhou notoriedade internacional ao abrigar a cidade-teatro Nova Jerusalém, que possui o maior teatro ao ar livre do mundo, com 100 mil metros quadrados.
A cidade também é lar do Parque das Esculturas Monumentais Nilo Coelho, que ocupa 60 hectares e exibe 37 esculturas de granito representando a cultura nordestina.
A Paixão de Cristo é encenada anualmente em Nova Jerusalém desde 1968, atraindo cerca de 8 mil espectadores em apresentações que ocorrem entre o sábado que antecede o domingo de ramos e o sábadodo de Aleluia.
Com quinhentos atores e efeitos tecnológicos modernos, a encenação dura aproximadamente duas horas e meia, com a sessão mais popular ocorrendo na Sexta-feira da Paixão.
Essa tradição teatral tem raízes na Idade Média e foi trazida para o Brasil pelos colonizadores, tornando-se um evento cultural significativo, especialmente em Nova Jerusalém.
Guia Turístico do Agreste de Pernambuco
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