Goiana e Seu Patrimônio Histórico Preservado

Patrimônio Sacro de Goiana em Pernambuco: Guardando Histórias

Goiana, localizada em Pernambuco, foi fundada no século XVI e abriga oito igrejas tombadas pelo Iphan. Além disso, o Museu de Arte Sacra mantém um acervo secular que preserva a rica história da região.

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosario em Goiana
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosario em Goiana

Contexto Histórico

Como centro administrativo de uma das primeiras e mais prósperas capitanias hereditárias exploradas pelos portugueses no início do período colonial (1500-1822), a Região Metropolitana do Recife guarda até hoje tesouros históricos que ultrapassam os limites geográficos da capital e da vizinha Olinda, Patrimônio da Humanidade desde 1982.

Goiana em Pernambuco

Um dos principais pontos históricos se encontra a cerca de 60 quilômetros de Olinda e Recife, no Centro de Goiana, município que integra a Zona da Mata Norte, um importante berço cultural do Estado, desenvolvido a partir de terras herdadas da antiga capitania de Itamaracá.

Além das praias como Catuama, Ponta de Pedras e Carne de Vaca, Goiana possui um patrimônio sacro e artístico pouco reconhecido nos roteiros turísticos. Um cinturão de sete igrejas, datadas dos séculos XVI, XVII e XVIII, circunda a zona urbana em um raio de menos de um quilômetro.

Goiana é um dos mais antigos núcleos de povoamento do Brasil, tendo sido sede da capitania hereditária de Itamaracá, elevada à categoria de freguesia em 1568, tornando-se mais tarde um polo de diversos engenhos de açúcar.

Durante a invasão holandesa, a região de Goiana foi palco de diversos confrontos, sendo um dos mais memoráveis em 1646, quando mulheres defenderam o vilarejo de Tejucopapo de um ataque-surpresa dos holandeses, repelindo-os sem o auxílio das tropas luso-brasileiras. Este fato, embora pouco divulgado, é uma parte importante da história do Brasil, e as mulheres passaram a ser conhecidas como “Heroínas do Tejucopapo”.

Na região de Goiana, também viveu André Vidal de Negreiros, que possuía um engenho de açúcar e foi um dos principais líderes na luta contra os batavos.

Após a expulsão dos holandeses, a cidade voltou a crescer, passando a abrigar dois conventos, uma Santa Casa de Misericórdia, além de diversas outras igrejas.

Veja Igrejas mais antigas de Pernambuco e a primeira igreja do Brasil

Vídeos sobre as Igrejas Barrocas e Museu de Arte Sacra  de Goiana PE

Capela de Santo Antônio do Engenho Novo
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Igrejas Históricas em Goiana: Um Patrimônio Cultural (PE)

  1. Igreja de Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos
  2. Igreja de Nossa Senhora do Carmo e Convento de Santo Alberto de Sicília
  3. Igreja de Nossa Senhora da Conceição
  4. Igreja de Nossa Senhora das Maravilhas
  5. Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia
  6. Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos
  7. Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos
  8. Igreja e Convento de Nossa Senhora da Soledade
  9. Igreja de Nossa Senhora Tereza D’ Ávila da Ordem Terceira do Carmo
  10. Capela de Santo Antônio

 1. Igreja de Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos

Igreja de Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos
Igreja de Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos

Foi construída no ano de 1681 e restaurada em 1870.

No altar-mor, a imagem de Nossa Senhora do Amparo foi um presente da Princesa Isabel. Existe também a lápide do túmulo de Jerônimo de Albuquerque, um herói pernambucano e de sua mulher.

Tombada pelo Iphan como Patrimônio Histórico Nacional em 1938.

Durante muitos anos, o prédio funcionou como um museu temporário que exibia peças de arte sacra datadas do século 17, que recentemente migrou para o prédio do Serviço Social do Comércio(SESC).

Localização: Rua do Amparo | Praça da Bandeira | Goiana/PE

2. Igreja de Nossa Senhora do Carmo e Convento de Santo Alberto de Sicília

Igreja de Nossa Senhora do Carmo e Convento de Santo Alberto de Sicília em Goiana
Igreja de Nossa Senhora do Carmo e Convento de Santo Alberto de Sicília em Goiana

Construída em 1672, a igreja traz estilo barroco maneirista. Possui imagens em madeira de lei dos séculos XVI e XVII. Uma característica do convento que merece destaque é o hall de entrada, ricamente entalhado e com pinturas.

O conjunto também apresenta elementos da arquitetura árabe através de traços simétricos e leves, percebidos principalmente nas torres.

Ao lado esquerdo do altar-mor existe uma capelinha dedicada a Bom Jesus dos Passos com a imagem de Nossa Senhora das Lágrimas.

Pertence a Ordem dos Carmelitas e é tombada pelo Iphan como Patrimônio Histórico Nacional desde 1938.

Localização: Praça Frei Caneca | Praça do Carmo | Goiana/PE.

3. Igreja de Nossa Senhora da Conceição

Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Goiana
Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Goiana

Composta pelo estilo barroco, a igreja foi construída em 1807.

No altar-mor, no nicho superior está uma imagem do Cristo e no nicho inferior a imagem de Nossa Senhora da Conceição em talha de madeira.

O altar-mor é todo em madeira nas cores branca e azul. Possui dois altares laterais.

É tombada pelo Iphan como Patrimônio Histórico Nacional desde 1938.

Localização: Rua da Conceição | Centro | Goiana/PE.

4. Igreja de Nossa Senhora das Maravilhas

Igreja de Nossa Senhora das Maravilhas em Goiana
Igreja de Nossa Senhora das Maravilhas em Goiana

Construída provavelmente na segunda metade do século XX, com três fachadas e três portas para acesso a seu interior.

É uma curiosidade que tem despertado a atenção do visitante que chega para conhecer um pouco da história do apogeu de Goiana, na época do Brasil Colônia e encontra uma igreja tipicamente germânica, no mais autêntico estilo enxaimel, um tipo de construção bastante comum nas áreas rurais da Alemanha, usada como proteção para evitar a concentração de neve no telhado.

Localização: Usina Maravilhas | Goiana/PE.

5. Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia

Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia em Goiana
Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia em Goiana

A sua pedra fundamental data de 22 de setembro de 1722. Sua construção, no entanto, só foi concluída em 1726.

Tem cinco imagens, quatro varandas, dois altares e coro em madeira.

No altar-mor está a imagem de Nossa Senhora dos Milagres e na sacristia um lavabo em pedra de cantaria portuguesa.

Anos depois, iniciou-se a construção do Hospital da Santa Casa, anexo à Igreja e o primeiro hospital de Goiana (1759-1931).

Na capela-mor estão enterradas, sem lápide, as mãos do padre Pedro de Souza Tenório, mártir da Revolução Pernambucana de 1817.

A arquitetura da igreja tem uma composição simples do final do barroco. Foi tombada em 1938 pelo Iphan como Patrimônio Histórico Nacional.

Localização: Rua da Misericórdia | Centro | Goiana/PE.

6. Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos

Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos em Goiana
Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos em Goiana

Construída no século XVII, em estilo barroco. Projetada originalmente com duas torres sineiras, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos não teve recursos suficientes para concluir a segunda torre.

Apenas a do Evangelho foi concluída, à semelhança da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

A decoração consta de altares com imagens de mestres artesãos brasileiros dos séculos XVII e XVIII, destacando-se as imagens de Nossa Senhora do Rosário, São Joaquim, São José, Senhor Morto e São Miguel.

Além de ricas imagens, há no templo duas pinturas: a primeira, no altar do Santíssimo Sacramento, reproduz a cena da Última Ceia; e a segunda, representando a crucificação do Salvador, em nicho do altar da capela-mor.

É tombada pelo Iphan como Patrimônio Histórico Nacional desde 1938.

Localização: Avenida Marechal Deodoro da Fonseca | Centro | Goiana/PE.

7. Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em Goiana
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em Goiana

No lugar de uma pequena capela que ali existia no século XVI, foi construída a atual igreja no final do século XVII, em estilo barroco autêntico.

Uma inscrição datada de 1836, na fachada da igreja, indica algum evento comemorativo realizado naquele ano.

No passado, muitas manifestações religiosas e folclóricas eram realizadas em frente à igreja.

É tombada pelo Iphan como Patrimônio Histórico Nacional desde 1938.

Localização: Rua do Rosário | Centro | Goiana/PE.

8. Igreja e Convento de Nossa Senhora da Soledade

Igreja e Convento de Nossa Senhora da Soledade em Goiana
Igreja e Convento de Nossa Senhora da Soledade em Goiana

O estilo do convento é uma transição do barroco para o maneirista.

No seu interior há três altares laterais com nichos e santos.

No altar-mor, a imagem de Nossa Senhora da Soledade.

Possui como raridade uma roda de coletar esmola, que servia na época para receber crianças órfãs e enjeitadas.

Possui também três imagens de madeira, todas brasileiras do século XVIII. Anexo à igreja, funciona o Abrigo São José para idosos.

O conjunto é tombado pelo Iphan como Patrimônio HistóricoNacional desde 1938.

Localização: Rua da Soledade | Praça da Soledade | Centro | Goiana/PE.

9. Igreja de Nossa Senhora Tereza D’Ávila da Ordem Terceira do Carmo

Igreja de Nossa Senhora Tereza D'Ávila da Ordem Terceira do Carmo em Goiana
Igreja de Nossa Senhora Tereza D’Ávila da Ordem Terceira do Carmo em Goiana

Em estilo barroco, a Igreja de Santa Tereza D’Ávila foi construída em 1753 pelos irmãos da Ordem Terceira do Carmo.

Integra o conjunto carmelita dentro do núcleo histórico de Goiana.

Na parte superior da fachada há um brasão da Ordem Carmelita. Não tem torre sineira.

O seu interior tem nave única, com quatro altares laterais e seis nichos com imagens de santos. A igreja é tombada pelo Iphan como Patrimônio Histórico Nacional desde 1938.

Localização: Praça Frei Caneca | Centro | Goiana/PE.

10. Capela de Santo Antônio

Capela de Santo Antônio em Goiana
Capela de Santo Antônio em Goiana

Teve sua construção iniciada no final do século XVI, já sofreu diversas transformações internas e externas, exibindo atualmente aspectos da reforma de 1654, em estilo gótico, um movimento arquitetônico nascido na França no século XII, sob forte influência muçulmana.

Na capela foi sepultado, em 1680, o corpo do mestre-de-campo André Vidal de Negreiros, líder e inspirador do movimento da Insurreição Pernambucana (1645-1654), contra a colonização holandesa no Brasil.

Seus restos mortais foram posteriormente transferidos para a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, no Monte dos Guararapes, onde se encontram até hoje.

Localização: Engenho Novo | Unisa das Maravilhas | Goiana/PE.

História – Goiana (PE)

Situada na região da Mata Norte de Pernambuco, Goiana era habitada pelos índios Caeté, Tabajara e Potiguara.

Originária de um dos núcleos mais antigos de colonização da Região Nordeste, foi elevada à categoria de vila em 1711 e de cidade em 1840.

A cidade participou dos movimentos libertários da Província de Pernambuco e ficou conhecida como a primeira cidade brasileira a libertar todos os seus escravos por meio de um decreto da Câmara, datado de 25 de março de 1888, antecipando-se à Lei Áurea.

Em Itapecerica, uma de suas aldeias, ocorreu a primeira assembleia em que índios pleitearam um governo representativo no Brasil.

Durante o século XIX, as atividades comerciais tiveram grande importância no município, graças ao movimento do seu porto, por meio do qual eram escoadas as mercadorias provenientes do interior.

A cidade, inicialmente, localizava-se no lote doado por El Rei de Portugal a Pero Lopes de Souza, e fazia parte da Capitania de Itamaracá.

Destacou-se, na segunda metade do século XVI, com a fundação dos primeiros engenhos, apesar da hostilidade dos índios Tabajara e Caeté. Alguns desses engenhos foram destruídos pelos indígenas, fato que motivou a organização de expedições de conquistas compostas por portugueses vindos da Paraíba.

Goiana foi um dos maiores polos da colonização do território brasileiro, consumada pela instalação de bases produtivas e equipamentos simbólicos (do Estado e da Igreja), constituindo-se em um importante centro econômico e político no século XVIII.

Caracterizou-se como ponto de convergência de inúmeras vias de transporte, devido às suas funções como porto fluvial de escoamento da produção de pau-brasil e cana-de-açúcar, entreposto comercial e ponto de passagem dos caminhos que ligavam Recife e Olinda ao interior do Estado e às outras vilas e cidades do Nordeste.

Guia Turístico do Nordeste Brasileiro

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