História da Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem em Recife
A Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, localizada na Pracinha de Boa Viagem em Recife, foi erguida sobre a areia da praia e tem seus primeiros registros datados do século XVII.

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Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem em Recife
Reforma e Modernização
Por volta de 1862, a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem passou por uma grande reforma, que lhe conferiu o aspecto atual. As mudanças foram significativas, tanto internas quanto externas, preservando apenas o altar da sacristia.
“A partir da abertura das linhas de bondes e da Avenida Boa Viagem, o bairro cresceu e se modernizou, e a igreja foi uma das únicas construções históricas da Zona Sul que resistiram às modernas edificações.”
Primeiros Registros e Fundação
Até a metade do século XVII, a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem estava localizada no antigo território da Barreta, correspondente a toda a área costeira que se estendia desde o frontal do Pina até a povoação das Candeias.
Não se tem conhecimento de uma fonte precisa que assegure a data da abertura da igreja. No entanto, sabe-se que em 1743 o templo já estava pronto.
Antes de 1848, a capela pertencia à paróquia de Nossa Senhora da Paz, em Afogados, e somente em 8 de setembro daquele ano foi elevada à condição de paróquia independente.
O documento mais antigo sobre a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem é uma escritura datada de 6 de junho de 1707.
Nela, Balthazar da Costa Passos e sua esposa, Ana de Araújo Costa, doam ao padre Leandro Camelo um local onde havia um “oratório ou presépio a Jesus e Maria, juntamente com o solo que estava perto, que era um sítio de terras na Barreta com cem braços de frente e uma légua de fundo, desde a praia até o Rio Jordão”.
Ainda por testamento, os doadores, por serem muito religiosos, anexaram ao patrimônio da capela mais um sítio, ao lado, “com 500 braços de terra, com trinta e tantos pés de coqueiros, onde está uma casa de taipa à venda em que antigamente morava Manuel Setúbal“.
A Imagem da Boa Viagem
Uma outra informação extraída de documentos históricos ressalta que o padre Leandro Camelo, conhecido como “homem de grandes virtudes”, empregou tudo o que possuía para fazer uma imagem com o título da Boa Viagem, em honra a Maria Santíssima, colocando-a em uma magnífica igreja que erigiu, distando duas léguas do Recife, sobre as praias do mar, “pondo suas esperanças nesta Senhora, cujo cuidado é levar-nos sempre ao desejado porto de salvação”.
Patrimônio e Riqueza
Segundo estudiosos do assunto, a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, no período do Brasil Colônia, embora modesta, representava um dos templos de maior rendimento patrimonial do Recife.
O usufruto da igreja incluía cinco grandes sítios, quatro pequenos e vinte casas térreas no povoado, além de um pequeno sítio de coqueiros na praia, doado pelo padre Luís Marques Teixeira, com o único compromisso de retirar da sua renda “a quantia necessária para se conservar acesa, dia e noite, a lâmpada da capela-mor da Igreja”.
Reformas e Estrutura
As grandes reformas na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem começaram em 1862.
No lugar do prédio anterior, ergueu-se um novo com uma estrutura mais solene. Antes disso, existia uma pequena igreja com linhas simplórias e um alpendre erguido em sua frente, que mais parecia um daqueles templos modestos da zona rural.
Durante a reforma, os religiosos preservaram alguns altares, entre os quais o da sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem. Datado de 1745, esse altar foi entalhado pelo mestre João Pereira e dourado pelo artista Francisco Teixeira Ribeiro, no ano de 1772.
Influência na Região
Inegavelmente, foi a Capelinha de Boa Viagem que deu nome à sua lindíssima praia. Vale ressaltar entre os administradores os próprios doadores das terras; o irmão de Balthazar Passos, Antônio da Costa Passos, e a esposa Catarina de Araujo Sampaio; os padres Luiz Marques Teixeira e Inácio Ribeiro Noia.
No começo do século XX, o acesso a Boa Viagem ainda era bastante difícil. Em 1908, por exemplo, via-se apenas cerca de 60 casas de construção regular, desalinhadas, e a capela.
A povoação só apresentava alguma vida nos meses de setembro a março, período em que a estação balneária era frequentada.
Distando 11 km do centro do Recife, Boa Viagem só tomou impulso após a construção da Avenida Beira-Mar, que possibilitou à população utilizar o bonde elétrico para ir à praia. Antes disso, em se tratando de transporte público, havia apenas uma linha de bondes puxados por burros, inaugurada em 1899.
Papel Religioso e Criação da Paróquia
Paralelamente às obras no templo, durante mais de trezentos anos, os administradores procuraram colaborar, na medida do possível, na pregação do evangelho e nas celebrações litúrgicas, criando uma aura de atração às pessoas que por ali passavam ou residiam: embarcadiços, pescadores, viajantes, entre outros. Alertavam-lhes, sobretudo, sobre os sérios problemas da alma, cuja vigília não podia desandar.
Em 8 de setembro de 1948, por decreto do Sr. Arcebispo Dom. Miguel de Lima Valverde, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, elevando sua igreja à categoria de matriz.
O primeiro pároco foi Monsenhor Romeu Vasconcelos de Sá Barreto, que aqui permaneceu de 1º de janeiro de 1949 a 6 de agosto de 1967, quando faleceu.
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