Engenhos de açúcar nos arredores de Porto de Galinhas

Os engenhos de açúcar nos arredores de Porto de Galinhas, PE, datam da época do Brasil Colônia.

A origem histórica e o desenvolvimento social e econômico do estado de Pernambuco encontram-se marcantemente atrelados à atividade da agroindústria açucareira, que, após quatro séculos de apogeu, deixou como herança aos pernambucanos inúmeros costumes e tradições até hoje fortemente enraizados na cultura local, bem como registros materiais de excepcional valor histórico, artístico e paisagístico.

Engenho Gaipió. Ao fundo, a Casa-grande; ao centro, o Armazém de Açúcar e à direita, a Casa de Purgar.
Engenho Gaipió. Ao fundo, a Casa-grande; ao centro, o Armazém de Açúcar e à direita, a Casa de Purgar.

Entretanto, no decorrer dos anos, este patrimônio vem sofrendo sucessivos danos e perdas em decorrência da modernização do processo de produção do açúcar e pela escassez de medidas para sua salvaguarda.

Como consequência, os poucos engenhos de açúcar, que ainda restam em Pernambuco, estão em estado de abandono e/ou ruína, com raras exceções.

O Engenho Gaipió, localizado na zona rural do município de Ipojuca, é uma destas raras exceções.

O fluxo de turistas em Porto de Galinhas, Litoral Sul de Pernambuco, é intenso em janeiro, sobretudo por conta do mar e da disputada faixa de areia.

Os visitantes podem entrar em contato com imóveis que datam da época do Brasil Colônia. Quem visita a região deve reservar algumas horas para voltar ao passado e conhecer três engenhos que continuam em plena atividade.

Engenhos de açúcar nos arredores de Porto de Galinhas PE

Engenho Gaipió em Ipojuca
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1. Engenho Gaipió

Um dos principais da região, o Engenho Gaipió está localizado na zona rural ipojucana e foi, por muito tempo, o lar de importantes personalidades de Pernambuco, como o ex-governador Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti.

A casa-grande, construída em 1863, preserva os móveis ao estilo neoclássico e a decoração típica da sociedade do século XIX.

Engenho Gaipió em Ipojuca PE
Engenho Gaipió em Ipojuca PE

O Engenho Gaipió mantém preservado seu conjunto arquitetônico e paisagístico, mesmo após ter sofrido consideráveis mudanças oriundas de uma parcial desapropriação para fins de reforma agrária, efetuada no ano de 1997 pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

A construção do Engenho Gaipió data de 1783 a 1787. Segundo os relatos históricos pesquisados pela Secretaria Especial de Cultura do Ipojuca, acompanhando a construção da Casa Grande, foi erguida junto à sede a Capela em louvor a São José, que passou a ser o padroeiro do engenho.

Setenta e seis anos depois, em 1863, Félix da Câmara Pimentel, neto do fundador do engenho, transferiu a localização da Casa Grande para a colina ao lado.

No local foi construído um casarão em estilo neoclássico e uma nova capela no mesmo lugar da construída por seu avô.

Engenho Gaipió em Ipojuca PE
Engenho Gaipió em Ipojuca PE

A festa religiosa local vem do fim do século XVIII, sendo que os registros passaram a acontecer nos últimos 100 anos.

Houve um período em que a festa de São José foi desativada após parte do engenho se transformar em assentamento do INCRA na década de 1990, ficando de fora da demarcação parte do Engenho, a Casa Grande e a Capela.

Como proprietária da área remanescente do Engenho Gaipió, onde está a Capela de São José e Casa Grande, a Família Marroquim resolveu reativar a festa religiosa em 2003, revivendo a data e incorporando a tradicional procissão e missas à parte folclórica e popular.

Ipojuca fica aproximadamente 21 km de Porto de Galinhas.

2. Engenho Massangana

Conjunto arquitetônico rural do século XIX, composto pela Casa-Grande e Capela de São Mateus em uma área de dez hectares, o Engenho Massangana está localizado no Cabo de Santo Agostinho, no Estado de Pernambuco.

O nome do engenho, de origem africana, vem do rio Massangana que, na época do auge do açúcar, servia para o escoamento do que era produzido nele, e nos engenhos da região, até o porto do Recife.

Engenho Massangana em Cabo de Santo Agostinho PE
Engenho Massangana em Cabo de Santo Agostinho PE

Acredita-se que Tristão de Mendonça tenha fundado o Engenho Massangana, através da doação de um pedaço de terra do município feita por Duarte Coelho, primeiro donatário da Capitania de Pernambuco.

Tombado em nível estadual como Parque Nacional da Abolição, Massangana foi o lugar onde o ilustre pernambucano Joaquim Nabuco viveu durante a infância e é por ele referenciado como o local onde construiu a base de seus ideais abolicionistas.

Tais relatos estão presentes em seu livro Minha Formação (1910), cujo conteúdo é explorado na exposição permanente Nabuco e Massangana: o tempo revisitado.

Além da visitação espontânea, o equipamento recebe sistematicamente o público estudantil.

Através de um programa educativo, temas como o legado do pensamento de Joaquim Nabuco, a escravidão e as lutas libertárias, a cultura afro-brasileira e a economia canavieira são abordados, buscando contribuir para a produção de novos conhecimentos, fortalecimento da consciência patrimonial e da identidade cultural.

A propriedade apresenta um museu de móveis datado do mesmo período, situado no prédio principal, e a capela barroca de São Mateus. Nesses espaços, o escritor Joaquim Nabuco viveu boa parte de sua infância e iniciou sua luta abolicionista.

A Praia de Porto de Galinhas é o principal polo turístico do litoral sul, há apenas 33 km do Cabo Santo Agostinho.

A Importância dos Engenhos de Açúcar na História do Brasil

Os engenhos de açúcar desempenharam um papel fundamental na história do Brasil, especialmente durante o período colonial. Aqui estão algumas das principais importâncias:

  1. Base Econômica: Os engenhos de açúcar foram a espinha dorsal da economia colonial brasileira. A produção de açúcar tornou-se uma das principais atividades econômicas, gerando riqueza e contribuindo para o crescimento do Brasil como uma colônia portuguesa.
  2. Desenvolvimento Social: A agroindústria açucareira levou à formação de grandes propriedades rurais e à criação de uma classe social de proprietários de engenhos, que se tornaram influentes na política e na sociedade brasileira. Isso também contribuiu para o surgimento de uma sociedade estratificada.
  3. Trabalho Escravo: A produção de açúcar foi marcada pelo uso intensivo de mão de obra escrava, principalmente de africanos. Esse sistema de trabalho teve profundas implicações sociais e culturais, moldando a demografia e a identidade brasileira.
  4. Cultura e Tradições: Os engenhos de açúcar influenciaram diversas tradições culturais, incluindo a culinária, a música e as festividades. A cultura afro-brasileira, por exemplo, se desenvolveu em grande parte em resposta a essa realidade.
  5. Patrimônio Histórico: Os engenhos são importantes marcos do patrimônio histórico e arquitetônico do Brasil. Muitos engenhos, como o Engenho Gaipió e o Engenho Massangana, são preservados como testemunhos da história colonial, oferecendo uma visão sobre a vida e a economia da época.
  6. Impacto Ambiental: A expansão dos engenhos teve um impacto significativo sobre o meio ambiente, levando ao desmatamento e à transformação de paisagens naturais em áreas agrícolas.
  7. Relações Internacionais: O açúcar brasileiro foi um produto de exportação vital, que estabeleceu e fortaleceu as relações comerciais entre o Brasil e a Europa, especialmente com Portugal e outros países europeus.

Em suma, os engenhos de açúcar não apenas moldaram a economia e a sociedade do Brasil colonial, mas também deixaram um legado duradouro que ainda influencia a cultura e a história do país.

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