Arquitetura e História da Capela Dourada em Recife
A Capela Dourada, localizada no centro histórico do Recife, é uma das mais impressionantes expressões do barroco brasileiro.
Construída entre 1696 e 1724 pela Venerável Ordem Terceira de São Francisco, destaca-se pelo interior ricamente ornamentado com talhas de cedro cobertas por lâminas de ouro de 22 quilates, refletindo o auge econômico de Pernambuco durante o período colonial.

Características da Capela Dourada
Além das esculturas e pinturas que adornam suas paredes e teto, a capela abriga obras de arte sacra de grande valor histórico, como altares laterais dedicados a santos franciscanos e painéis que representam virtudes cristãs. Integrada ao complexo do Convento e Igreja de Santo Antônio, a Capela Dourada é um testemunho da fé e da opulência artística do Brasil colonial, sendo considerada um dos mais belos exemplares da arte sacra nacional.
Vídeo “Arquitetura e História da Capela Dourada”
Detalhes e as curiosidades da Capela Dourada de Recife
História e Arquitetura da Capela Dourada em Recife PE
Igreja Dourada - Reportagem Arte, Arquitetura e História05:19
Contextualização Histórica
Durante o período colonial, Pernambuco foi um dos centros econômicos mais importantes do Brasil, especialmente devido à produção de açúcar.
A presença de senhores de engenho e a riqueza oriunda do cultivo da cana-de-açúcar contribuíram para a formação de uma sociedade marcada por grandes desigualdades sociais.
Neste contexto, as irmandades religiosas, como a Venerável Ordem Terceira de São Francisco, desempenhavam um papel significativo, funcionando não apenas como grupos de apoio espiritual, mas também como organizações sociais que promoviam a caridade e a assistência aos necessitados.
A Capela Dourada, construída por essa irmandade, é um reflexo da opulência e da fé desse período.
Detalhes sobre a Ordem Franciscana
A Ordem Terceira de São Francisco, fundada no século XIII por São Francisco de Assis, é uma das várias ramificações da ordem franciscana.
Esta irmandade, especificamente, foi estabelecida para aqueles que desejavam viver os ensinamentos de São Francisco sem se tornarem monges.
Em Recife, a ordem foi formalmente organizada no século XVI e rapidamente se tornou uma das mais influentes, reunindo membros de diversas classes sociais, principalmente comerciantes e proprietários de terras.
A ordem tinha como principal missão promover a espiritualidade e a caridade, e suas atividades incluíam a construção de igrejas e capelas, além de ações sociais em benefício da comunidade.
A Capela Dourada é um exemplo notável do trabalho artístico e da devoção dos irmãos franciscanos, refletindo a riqueza cultural e religiosa da época.
1. História e Arquitetura
A Capela Dourada, ou Capela da Ordem Terceira de São Francisco do Recife, faz parte do Recife Sagrado.
Pertencente à Venerável Ordem Terceira de São Francisco do Recife, teve o lançamento de sua primeira pedra no dia 13 de maio de 1696, pelo Capitão General Caetano de Melo Castro.
Foi encarregado da sua construção o mestre pedreiro (português) Capitão Antonio Fernandes de Matos, e tal foi o fervor com que se trabalhou nas obras que, apenas com as jóias (dadas como esmolas) das Mesas Diretoras e também esmolas dos irmãos terceiros, se conseguiu a sua abertura ao público no dia 15 de setembro de 1697, tendo-se despendido com sua construção, até aquela data, a importância de 1.365$010 (Um Mil Trezentos e Sessenta e Cinco Contos e Dez Réis).
“No dia 15 de setembro do ano de 1697, dezesseis meses depois de começada, foi aberta com toda solenidade pelo Revmo. Padre Comissário Visitador Frei Jerônimo da Ressurreição, logo em seguida, celebrou no altar-mor o Santo Sacrifício da missa.”
Ela ficou completamente terminada até 1724, quando ininterruptamente se trabalhou na igreja. Assim, pouco a pouco, a cada ano novas obras eram compreendidas, e somente depois de 1724 podemos considerar como concluídos todos os trabalhos da igreja.
A capela é toda entalhada em madeira (cedro), em estilo barroco, recoberta em gesso e lâmina de ouro.
A Capela, da Venerável Ordem Terceira de São Francisco do Recife, monumental pelo seu ouro, é uma afirmação do barroco que nasceu daquele agitado fim artístico do século XVII de Luiz XV na França e de D. João V em Portugal, justamente com o apogeu financeiro de Pernambuco: senhores de engenho, abastados, fidalgos, ricaços, irmandades riquíssimas, foram os dias dos móveis torneados, dos jacarandás trabalhados, dos cedros burilados e dourados depois. Riquíssima em ouro, vê-se ali o barroco pela estonteante decoração anterior.
O altar-mor e as capelas, altares laterais, são monumentos em obras de talha. Tudo era opulência, tudo era grandeza. A Capela Dourada reflete bem esse ambiente faustoso.
2. Pinturas no Interior
As pinturas da Capela Dourada da Ordem Terceira de São Francisco do Recife são de uma riqueza incrível, sem dúvida, uma das derradeiras e mais vibrantes expressões de arte religiosa existente em Pernambuco.
As telas e os seus riquíssimos painéis, lutando contra a surpresa dos anos e do descaso dos homens, atestam ainda, nos dias presentes, gloriosa revelação de artistas do passado. Infelizmente, não sabemos os nomes dos autores dessas obras.
3. Painéis no Interior
“Dois longos painéis, nas paredes laterais, mostram os mártires franciscanos.” Os frades missionários corriam caminhos da Europa e dos outros continentes. Um dia, cinco frades passaram por Coimbra, rumo a Marrocos, na África, onde iam levar o evangelho aos muçulmanos.
Chegados a Marrocos, pregaram aos pagãos, mas foram aprisionados pelo Rei e condenados à morte por degolação, fato que se deu no dia 16 de janeiro de 1220.
Os restos mortais dos mártires foram transportados à Europa e, na passagem por Coimbra, foram colocados na Igreja do Mosteiro de Santa Cruz. (Extraído do livro “Francisco mostrou o caminho”, pg. 38 de Frei Hugo Baggio, OFM). Esses dois retábulos foram trabalhos executados entre os anos de 1707 a 1710.
Os douramentos dos painéis foram terminados entre 1699 a 1700 para uns, e 1715 a 1717 para outros.
4. Azulejos
Os painéis de azulejos que ornam a Capela Dourada, todos eles mais ou menos do tipo dos azulejos existentes em várias igrejas franciscanas do Brasil, foram comprados no ano de 1704. São figuras simples de motivos profanos.
5. Obras de Talhas
As obras de talha vivem na toréutica de nossas igrejas a arte e a civilização das gerações passadas.
Estudo difícil este; conhecemos poucos técnicos nessa especialidade, embora nos avistemos, a cada dia que passa, com uma multidão de conhecedores e entendidos.
6. Grade do Grande Arco
Entre a Capela Dourada e a Igreja do Convento de Santo Antônio do Recife, deparamo-nos, hoje, com uma enorme grade de ferro. Não fora sempre assim; a primitiva grade era toda trabalhada, feita em 1968 pelo irmão franciscano Luiz Machado.
7. Imagens
Todas as imagens existentes na Capela Dourada vieram de Portugal, exceto Nossa Senhora, Padroeira dos Noviços, que, no ano de 1866 a 1867, foi esculpida em madeira (cedro) pelo mestre santeiro pernambucano Manuel da Silva Amorim, o mesmo que fez em 1846 a imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos, que sai em procissão todos os anos na época quaresmal. As imagens de São Cosme e São Damião vieram de Lisboa – Portugal, no ano de 1742.
A Capela Dourada, que é tombada desde 30 de novembro de 1937, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Geográfico Artístico Nacional (IPHAN), é hoje considerada um Monumento Nacional. Desde muitos anos, deixou de ser celebrados casamentos e outros atos litúrgicos, sendo, portanto, hoje considerada um Museu.
Turistas de vários países e de todos os Estados brasileiros visitam diariamente a Capela Dourada, assim como alunos de vários colégios e universidades assistem a aulas ministradas por professores, como por exemplo, de Arquitetura e de Arte Barroca. A média anual de visitação é de vinte mil pessoas.
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